sábado, 30 de maio de 2009
Dia mundial da oração...
Hoje tive o privilégio de orar...em comunidade...com os meus irmãos...firmados na Fé de Jesus Cristo , nosso Salvador....
Hoje tive o privilégio de participar no 1º encontro de jovens do projecto UNUS para o distrito de Aveiro...
Hoje tive o privilégio de conhecer "irmãos"....irmãos verdadeiros, irmãos que lhes corre nas veias o Espirito de Deus...
Hoje tive o privilégio de conhecer mais algumas caras,pretas, brancas, assim assim, que sei que serão parte da minha vida...que sei que estarão ali...quando eu precisar...
Hoje tive o privilégio de mais uma vez...ver meu querido Pai a ungir corações, a despertar...
Hoje tive o privilégio de maia uma vez ser abençoada pelo Espirito Santo...
Hoje reafirmo ter o privilégio de ser e poder ser chamada verdadeira filha de Deus..
Hoje tive o privilégio de ser acarinhada, embalada pela doce melodia em que Seu Glorioso Poder toca almas...
Hoje sou..amanhã....serei mais pois sei que jamais serei abandonada...!!!!mas sim sempre amada!!!
Deus é Grande, Poderoso, Abençoador
Deus preenche, salva, cura e essencialmente sara...restaura, restrutura....
Deus é tudo o que precisamos.....
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sexta-feira, 29 de maio de 2009
Projecto UNUS
Somos 1 grupo cristãos jovens (cerca de 20 pessoas) que congregam em diversas comunidades Cristãs Evangélicas do Distrito de AVEIRO (Assembleias de Deus, CCVA, Igrejas Baptistas, Metodistas Wesleyanas, entre outras...) e que têm objectivos, alvos e sensabilidades comuns.
OS NOSSOS OBJECTIVOS GERAIS:
- Unir todo o pessoal jovem em idade e mentalidade, para juntos nos edificarmos mutuamente, motivarmo-nos e mobilizarmo-nos, para assim criarmos uma força de impacto relevante, para influênciar a nossa sociedade, transformar vidas e conquistar corações e mentes para Cristo!
- Organizar eventos sociais e culturais de caracter evangelístico, respeitanto os gostos e respondendo ás necessidades da malta jovem!
- Reunir regularmente os jovens do Distrito de Aveiro, para celebrarmos juntos a vida que Deus em Cristo nos tem dado!
Por enquanto somos só 1 grupo de amigos que em Cristo, nos sentimos motivados e incomodados a fazer algo em prol do Seu Reino, no Distrito de AVEIRO, usando os dons, talentos e outras capacidades que Deus nos tem dado, e das quais ELE um dia, nos vai pedir responsabilidades.
Em breve seremos, muitos +. Mas vai depender da dedicação e entrega q cada 1 de nós der, dando o que tem, a uma causa que não é destes 16, mas do próprio Deus!
POR ISSO:
1. Se vives no DISTRITO DE AVEIRO...
2. Se te identificas com este projecto...
3. Se te queres envolver...
CONTACTA JÁ o responsável deste projecto:
http://helderinocencio.hi5.com
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A SINGULARIDADE DE JESUS
A SINGULARIDADE DE JESUS
A SINGULARIDADE DE JESUS
Prof. Dr. Manuel Alexandre Júnior
Coimbra, 10 de Novembro de 2001
Agradeço a honrosa oportunidade de participar neste encontro com uma palavra de reflexão sobre o tema que me foi confiado, “A Singularidade de Jesus”. Sendo este um dos temas mais apaixonantes que ao longo dos anos têm inspirado a minha vida e o meu ministério, é com a maior satisfação que o faço.
Começo esta minha palavra com a história de um impressionante mito ultimamente arquitectado por um grupo de críticos chamado Jesus Seminar. Diz ele o seguinte: “Era uma vez um homem chamado Jesus. Jesus foi um judeu cínico, um mestre de sabedoria que lutou contra o sistema dominante do seu tempo. Ele proclamou um reino de Deus fundado na liberdade, igualdade e fraternidade. Para protegerem o seu poder político e económico, os chefes dos romanos e dos judeus crucificaram-no. Mesmo morto, os seus ensinos estavam tão vivos na alma dos que o seguiram que estes falavam dele como se ainda estivesse vivo...
“Infelizmente, alguns dos novos convertidos à sua causa, pessoas que de facto nunca o conheceram, tomaram as palavras dos discípulos de Jesus a sério e ficaram à espera do seu regresso para estabelecer o reino prometido. Quando viram que Jesus não voltava, ficaram desapontados e começaram a desenvolver a ideia, de origem pagã, sobre uma vida após a morte em que finalmente o iriam reencontrar.
“Entretanto, o sistema dominante da época começou a sentir-se ameaçado pelo crescente movimento de Jesus, e decidiu que, para a sua sobrevivência, também a ele deveria aderir. Os manipulados discípulos de Jesus tornaram-se ‘igreja’ e começaram a construir um dogma rígido que muito pouco tinha a ver com o verdadeiro Jesus da história. Compilaram uma ‘escritura’, produzida muito tempo depois da morte de Jesus por pessoas que falsamente afirmavam conhecê-lo. Alguns desses escritos baseavam-se em fragmentos de facto, mas a maior parte deles não.
“Ignorando quem Jesus foi realmente, o sistema pôs-se a usar estas escrituras para oprimir as pessoas discordantes, e também para oprimir mulheres, minorias raciais e homossexuais. Jesus transformou-se assim em pretexto de um novo sistema dominante. Alguns intelectuais corajosos levantaram-se, entretanto, contra esta igreja. Confrontada pela ciência e pela razão, ela perdeu finalmente o monopólio do poder e começou a ser posta em causa... No auge dessa contestação, surgiu um pequeno grupo de críticos ousados e aventureiros chamado Jesus Seminar, que finalmente limpou a igreja dos mitos a que só gente mentecapta e supersticiosa ainda adere”.
Que estranha lenda esta! E com que requinte ela foi congeminada! Dá para perguntar mais uma vez: Quem foi realmente Jesus? Que obras realizou? Qual o conteúdo e a força do seu ensino? Qual o sentido da sua vida e da sua morte? O que me proponho aqui fazer não é um estudo exaustivo de resposta a estas questões. Seria impossível em tão pouco tempo. Se o apóstolo João disse que nem no mundo inteiro caberiam os livros que se teriam de escrever para contar tudo o que o Senhor Jesus disse e fez, quem sou eu para esgotar em menos de uma hora tão sublime tema? Limitar-me-ei, sim, a assinalar alguns traços que marcam a singularidade da sua pessoa, do seu ensino e da sua obra. Não o vou, porém, fazer de forma narrativa ou descritiva, pois me parece que todos aqui conhecem bem a sua história. O que pretendo é reflectir convosco sobre os fundamentos desta maravilhosa história e pôr-vos de algum modo a reagir a algumas das questões que hoje mais ocupam os que estudam a vida e obra de Jesus de Nazaré.
I – SINGULARIDADE DA VIDA E OBRA DE JESUS
Um dos maiores problemas da ciência pós-moderna é o de procurar e não encontrar o centro do universo, aquilo que justifica e une todas as forças da natureza. Os filósofos pensam que todas as coisas são relativas, e muitos teólogos proclamam um pluralismo ideológico fundado na crença de que nenhum ponto de vista religioso se deve considerar melhor do que os outros. Mas nós os cristãos, que abraçamos a fé apostólica e evangélica, sempre afirmámos e continuamos a afirmar a centralidade da pessoa e obra de Jesus Cristo em toda a ordem da criação.
O Cristianismo é único entre todas as religiões da terra, e a razão da sua singularidade está na figura histórica do seu centro: Jesus Cristo. O hino com que abre o Evangelho segundo João proclama esta verdade: “todas as coisas foram feitas por Ele...” (1:10). Proclama-a também o grande hino de Paulo na carta aos Colossenses, que diz: “todas as coisas foram criadas por Ele, nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis, as forças espirituais, os domínios, as autoridades e os poderes. Tudo foi criado por Ele e para Ele...É Ele que dá consistência a tudo o que existe” e é por meio dele que se fará “a reconciliação consigo mesmo de tudo o que existe no universo” (1:16-17, 20). Conforme afirma e sustenta o apóstolo João, aquele que é o centro do universo é “a Palavra que se fez carne e habitou entre nós” (1:14). E Paulo acrescenta: Esse Jesus, “que por natureza era Deus,...se fez homem, viveu como homem, se humilhou a si mesmo, e obedeceu até à morte”, é o mesmo Cristo perante quem “todo o joelho se dobrará, no céu, na terra e debaixo da terra, e toda a língua confessará que Jesus Cristo é o Senhor para glória de Deus Pai” (Fil. 2:6-11).
Seria estranho dizer a um cristão antes do século XVIII que ele precisava de descobrir Jesus nos evangelhos. Se Jesus não estava perdido, como precisava o cristão de o encontrar? Se os evangelhos são o relato mais simples, claro, natural e verdadeiro da pessoa e obra de Jesus, que outras fontes nos poderiam dar dele um retrato mais fiel? Os evangelhos foram sempre, ao longo de mais de dezassete séculos, universalmente aceites como livros divinamente inspirados e inteiramente dignos de confiança. O relato que dão de Jesus é portanto uma história verdadeira. Tanto mais que os seus autores tiveram um contacto directo com os eventos ou com as fontes primárias que os descrevem. Mateus e João eram discípulos de Jesus. Marcos registou as memórias de Pedro. E Lucas colheu directamente os eventos que narrou de muitas testemunhas oculares e outros discípulos de Cristo (Luc. 1:1-4).
Mas, com a vinda do Iluminismo, começou a instalar-se a dúvida em torno dos principais temas da fé cristã. A credibilidade dos Evangelhos foi posta em causa. Insinuou-se que estes não eram a história verdadeira de Jesus, mas apenas histórias acerca de Jesus; histórias escritas mais tarde do que realmente foram, e entretanto impregnadas de mitos, lendas e tradições várias. Insinuaram os mentores desta nova ideia que o verdadeiro Jesus de Nazaré se oculta por detrás de uma enorme massa de informação duvidosa, que Ele não foi mais do que uma importante figura religiosa do seu tempo e que a real imagem dessa figura precisa de ser redescoberta. E que critérios usaram para simular essa descoberta? Tudo o que lhes soasse a sobrenatural teria de ser eliminado ou então reinterpretado da forma que ao naturalista parecesse aceitável.
Muitas foram as tentativas de reconstrução da vida de Jesus, a partir de Reimarus (1694-1768), para quem Jesus não era mais do que um sábio moralista que procurou cumprir os ideais do reino, e que por engano acreditou ser o Messias. Contam-se entre essas obras, numa primeira fase, as vidas de Jesus escritas por Strauss, Renan e Schweitzer; obras de uma crítica radical espantosamente férteis nas questões que levantaram, mas para as quais até hoje não avançaram com respostas científicas palpáveis que satisfaçam ou convençam, nem mesmo a comunidade académica.
À medida que a fé nos Evangelhos ia sendo minada, sugeria-se em alternativa a distinção teológica entre o Jesus histórico e o Cristo da fé . Em 1926, Rudolf Bultmann começou a sugerir que quase nada se conhecia do Jesus que vivera há dois mil anos sobre a terra. A distinção que era necessário fazer era entre o Jesus histórico, de quem tão pouco se sabia, e o Cristo da fé, que nada mais era do que o produto de uma construção imaginária e idealizada da igreja. Dizia ele, num artigo publicado nos anos quarenta, que devemos pegar nos primitivos ‘mitos’ cristãos da encarnação, da divindade, da morte pelo pecado e da ressurreição, e traduzi-los em categorias aceitáveis ao homem do século XX. Com este seu novo programa hermenêutico de desmitologização deixava Bultmann claras duas coisas: que esses ‘mitos’ (entre aspas) não são literalmente verdadeiros, mas podem ser ponto de partida para deles se tirar alguma lição moral ou espiritual; que os evangelhos apenas nos dão alguma escassa informação da vida, morte e crucificação de Jesus; que o Jesus histórico se oculta por detrás da pregação da igreja, miticamente impregnada de um maravilhoso cristão sem fundamento de verdade.
Depressa a proposta hermenêutica de Bultmann foi contestada por alguns dos seus discípulos, entre eles Käsemann, que o acusou de aderir a uma moderna forma de gnosticismo – a um sistema intelectual de fé sem fundamento histórico e em risco de perder Jesus por completo – e resolutamente afirmou que a fé cristã se não pode divorciar das suas raízes históricas na pessoa humana de Jesus. Na linha desta nova caminhada em busca do Jesus histórico, encontram-se também Günther Bornkamm e James Robinson que pouco lhe acrescentaram.
A comunidade dos críticos que representam a linha do naturalismo filosófico continua hoje profundamente dividida no que respeita à obra de Cristo e aos seus ensinos. Já lá vai o tempo em que os ideólogos do liberalismo teológico e histórico falavam sem relevante oposição nas cátedras da academia. A mais recente vaga de estudos sobre o Jesus da história, também por vezes chamada a ‘terceira caminhada em busca do Jesus histórico’, acentuou ainda mais as marcas dessa desunião. Nem sequer concordam sobre o que fazer, o modo como o fazer e a que resultados chegar sobre a pessoa de Jesus. Ao porem de parte a única fonte credível de informação – os Evangelhos –, cada grupo chega ao fim com uma proposta de reconstrução diferente sobre a história de Jesus. Uns definem Jesus como um agente político de mudança, outros como o anunciador de uma filosofia estranha à semelhança dos filósofos cínicos do mundo greco-romano, outros ainda como um zelote, um mágico, um profeta moralista, um camponês confuso da Galileia, um ideólogo, um marxista ou um charlatão ; mas, o maior número o define, mesmo nas alas do liberalismo, como o grande mestre, o Messias e o imaculado Filho de Deus .
Sublinha Craig Evans que os pressupostos desta terceira onda liberal de investigação diferem da velha e nova buscas do Jesus histórico em vários aspectos. Esta novíssima vaga de pesquisa representa, de facto, uma ruptura muito grande com os pressupostos e métodos que caracterizaram os primeiros dois séculos de investigação sobre o Jesus histórico.
Primeiro, no que concerne à problemática de mito e milagre, a maior parte das obras mais recentes sobre o Jesus histórico pouca ou nenhuma referência faz ao problema do mito ou à hermenêutica bultmaniana da desmitologização. A investigação sobre a pessoa e a obra de Jesus reflecte ultimamente um maior optimismo quanto ao facto de os evangelhos conterem os dados necessários para uma reconstrução inteligível do ministério de Jesus. Até os milagres são agora tratados com seriedade e aceites como parte integrante do ministério de Jesus. As histórias dos milagres são cautelosa e realisticamente discutidas, interpretadas em contexto e, na maior parte dos casos, sem qualquer referência específica à hipótese de mito. Franz Mussner, Alfred Suhl, René Latourelle e muitos outros, argumentam a historicidade dos milagres de Jesus e defendem a sua realização como factos indesmentíveis.
Em segundo lugar, no que respeita ao valor histórico dos evangelhos, cada vez mais se olha para estes como fontes históricas úteis e dignas de confiança. O extremo cepticismo que durante tanto tempo dominou a investigação relativa aos Evangelhos já passou. Figuras tão representativas da ala racionalista e liberal como Sanders e Marcus Borg, concluíram afinal que é possível traçar pelo Evangelho uma imagem razoavelmente fidedigna do Jesus histórico. Curiosamente, há trinta e cinco/quarenta anos Bultmann enfatizava a diferença entre o Jesus histórico e o Cristo da fé, como se de duas realidades distintas se tratasse; hoje, pelo contrário, enfatiza-se e explora-se a consciência da unidade entre o Jesus histórico e o Cristo do evangelho.
E não é só a comunidade liberal que se vem desagregando e progressivamente envolvendo em inevitáveis contradições. É toda uma plêiade de estudiosos cristãos que com eles estudaram e das suas teses se demarcaram; investigadores libertos de preconceitos, prejuízos e pressupostos filosóficos ou ideológicos; homens e mulheres que nas mesmas universidades e escolas de teologia cientificamente investigam e ensinam, e que em resultado do rigor científico do seu trabalho e da abertura das suas mentes para a verdade, acabaram por reconhecer no conteúdo integral dos Evangelhos a fonte mais segura e digna de confiança para a compreensão da pessoa e obra de Jesus.
II – SINGULARIDADE DO ENSINO DE JESUS
A par desta investigação em busca da vida e obra do Jesus histórico, desenvolveu-se também uma outra linha de investigação em busca das reais palavras de Jesus e o seu ensino. Durante o século XIX, quando os Evangelhos estavam a ser gradualmente postos em causa como documentos historicamente dignos de confiança, e os elementos sobrenaturais da vida de Jesus se passaram a tratar como mitos e lendas, a atenção dos investigadores voltou-se do que Jesus fez para o que realmente disse. Esperavam eles encontrar nos seus ditos a face de um Jesus meramente humano, que apenas ensinou seus discípulos a amar a Deus e servir o próximo. Mas, com o abandono da velha questão liberal do Jesus histórico também esta proposta fracassou, só vindo a ressurgir nos anos cinquenta da século passado com o renovado esforço de encontrar na suposta tradição da igreja o que Jesus realmente disse, o que verdadeiramente ensinou. Multiplicaram-se os critérios, as propostas e os métodos, mas os resultados foram, também aqui, praticamente nulos.
Mais recentemente, formou-se um grupo de estudiosos revisionistas chamado “Jesus Seminar”, para decidir colectivamente por voto que partes dos Evangelhos são realmente os ditos que representam o ensino de Jesus. O seu objectivo foi negar a historicidade daquele que os cristãos adoram, reafirmando as teses de mais de cem anos de cepticismo liberal. As suas conclusões, publicadas em finais de 1993 na obra The Five Gospels: What did Jesus Really Say?, pouco mais reflectem do que um claro retorno aos métodos e conclusões racionalistas do século XIX. Questiona-se mais uma vez a autenticidade dos Evangelhos. Rejeita-se e põe-se em causa quase tudo o que os Evangelhos afirmam que Jesus disse. Tenta-se fazer o mesmo com o que Jesus realmente fez.
Para o fundador deste movimento e o seu núcleo mais duro é necessário que a fé cristã seja arreada do seu pedestal e substituída por um novo e universal espírito de fraternidade humanista e secular, mais ou menos enquadrada na linha geral de pensamento que inspira o movimento da Nova Era; uma nova ideologia pagã onde não há mais lugar para Cristo, nem para o evangelho de Cristo, nem sequer para a tradição cristã. As conclusões deste Seminar foram reunidas e têm vindo a ser divulgadas por seus mentores em vinte e uma teses, das quais, a título de curiosidade, destacamos as doze seguintes:
1. Não existe um deus exterior ao mundo material.
2. O darwnismo matou de vez a doutrina de uma criação especial conforme a narrativa bíblica.
3. A desliteralização da narrativa bíblica das origens acabou de vez com o dogma do pecado original.
4. Os milagres de Jesus são uma afronta à justiça e integridade de Deus.
5. Jesus não é divino.
6. A ideia de Jesus como redentor é arcaica.
7. O nascimento virginal de Jesus é um insulto à inteligência moderna.
8. Jesus não ressuscitou dos mortos.
9. Não existem mediadores entre Deus e o homem.
10. O reino de Deus é uma viagem sem fim e uma perpétua odisseia.
11. A Bíblia não contém modelos objectivos de conduta.
12. As reconstruções da pessoa e obra de Jesus podem ser sempre modificadas.
Felizmente que a influência destes críticos radicais se vai aos poucos diluindo, e poucos são os que, no seio do Cristianismo, hoje aderem às suas ideias. Como atrás referimos, é cada vez mais forte a corrente dos que em toda a parte se erguem na defesa das verdades que o evangelho de Cristo encarna. Nunca como agora, tanto na academia como fora dela, soou com tanto vigor a voz dos que com as armas da ciência e da sabedoria crítica solidamente rejeitam os seus infundados pontos de vista. Os últimos dois séculos têm-nos revelado afinal o fracasso de quem procura dar sentido aos Evangelhos, esvaziando-os da sua essência, esquartejando-os, e tudo fazendo para deles remover a dimensão sobrenatural da sua mensagem.
Os Evangelhos são dignos de confiança porque eles foram inspirados por Deus. Como dizem os bispos do Vaticano II em seu documento sobre a revelação divina, Dei Verbum, o Espírito Santo é o autor primário da Escritura, e a verdade que ela ensina é fiel e sem erro tendo em vista a nossa salvação. Ao defenderem com tanta firmeza a historicidade dos Evangelhos, eles afirmaram que estes são os fieis transmissores do que Jesus verdadeiramente ensinou e fez.
É nas Escrituras do Novo Testamento que encontramos o paradigma do verdadeiro Cristianismo. Não nessas escrituras truncadas que apenas nos dão a imagem de um Cristianismo completamente desfigurado; mas na versão completa da Escritura que os nossos pais tão fielmente reconheceram, conservaram e amaram, e que nós, por imperativo de fé, haveremos de continuar a honrar e proclamar.
Num tempo de tão claras mudanças como é o nosso; num tempo em que as novas revoluções vertiginosamente se fazem sentir em todas as áreas da vida – na ciência, na filosofia e nas comunicações; num tempo em que o maravilhoso pagão, com todos os sub-valores da contracultura que representa, parece querer afirmar-se como alternativa à fé cristã, é necessário retomar em pleno o paradigma universal que Cristo inspirou e os apóstolos encarnaram, para de novo fazer germinar em nossa cultura os princípios e valores do Evangelho. Nós não fomos chamados a reinventar a fé cristã, mas sim a ser fieis às suas origens.
É a fé antiga que tem futuro e não a fé desgastada pelas inúmeras transfigurações que os avanços e recuos ideológicos da nossa história determinaram. E esta fé antiga é, numa só palavra, Cristo. Jesus Cristo é o evento primordial da fé cristã. Foi nele que Deus, o Deus eterno, se fez carne com o fim específico de entrar na história, de penetrar as fronteiras da história para recuperar a sua criação mediante a vitoriosa derrota dos poderes do mal.
III – O SENTIDO DA VIDA E OBRA DE CRISTO PARA NÓS HOJE
O meu sobrinho gostava muito de jogar com puzzles. Antes de começar a reunir as peças e colocar cada uma no seu lugar, ele tinha uma preocupação: encontrar a chave, a imagem central em torno da qual todas as demais peças faziam sentido. Uma vez encontrada a chave, o resto do puzzle facilmente se ia resolvendo. Ora na fé cristã a chave do puzzle é a obra de Cristo. O que primeiro nos é necessário é uma sólida compreensão do sentido da sua vida e obra. Os demais elementos da fé todos depois rapidamente se ajustam.
A experiência ensina-me que eu nem sempre tive uma visão tão abrangente e completa de Cristo como devia. Não por que eu não procurasse ser um crente fiel e não tivesse uma visão correcta da verdade bíblica; mas porque a abertura da minha visão o não permitia. Foi necessário descobrir primeiro o carácter universal e cósmico de Cristo. Só então me foi dada a chave para abrir a porta de um rico arsenal de tesouros espirituais, e me foi concedido ter uma visão global do mundo e da vida na perspectiva cristã correcta.
Diz Robert Webber que esta compreensão bíblica e clássica de Cristo é a resposta para os dois grandes problemas que o pós-modernismo hoje nos coloca. Primeiro, a ciência anda à procura de um princípio unificador, e o modelo bíblico da fé cristã afirma a unidade e a coerência de todas as coisas em Cristo (Col. 1:16-20). Segundo, ao contrário da doutrina moderna da bondade humana, o pós-modernista reconhece a presença do mal sem ter para ele uma resposta adequada ou definitiva, e o Evangelho anuncia em Cristo a derrota do mal pela sua morte e ressurreição.
O Cristo que o modelo bíblico anuncia e consagra é, repito, o centro do universo. É Ele quem dá sentido à vida e quem soberanamente lida e ensina a lidar com o problema do mal. É Ele, que “vê a presença e o poder do mal na sociedade como o impacto do pecado original que permeia todas as estruturas da existência. Mas é também a doutrina dele que rejeita ‘a bênção original’ do pos-modernismo, que ensina que milhões de anos de evolução irão conduzir a criação e a humanidade à sua perfeição”. Para o Cristianismo bíblico, acrescenta Webber, “a bênção original é o segundo Adão, aquele que pelo seu evento redentor entrou na história para reverter os efeitos do pecado original. Foi Ele só que amarrou, destronou, e ultimamente destruirá todos os poderes do mal e restaurará a ordem criada”.
Como justamente observa Robert Webber, raramente a igreja apresentou uma visão holística ou integral da obra de Cristo; uma visão com ênfase simultânea no seu sacrifício vicário, na sua vitória sobre os poderes das trevas, e no exemplo que Cristo nos deu a seguir. E é essa visão redutora que, por defeito ou excesso, justifica os principais momentos de crise por que passou a igreja de Cristo no longo percurso da sua história. “A interpretação dominante da obra de Cristo nos primeiros mil anos...é a proclamação de que a sua morte e ressurreição constituem uma vitória sobre os poderes do mal.” Durante a Idade Média, uma época pouco sensível aos poderes do mal, “a interpretação da obra de Cristo como sacrifício eclipsou e acabou por substituir a interpretação do Christus Victor”. Na Reforma protestante, embora se continuasse a enfatizar o carácter sacrificial da morte de Cristo, este sacrifício era entendido como oferta necessária para satisfazer as exigências da santidade de Deus, ultrajada e ofendida pelo pecado. Ainda na Idade Média, surgiu com Abelardo uma terceira interpretação da morte de Cristo exclusivamente centrada no seu exemplo de humildade e renúncia até à morte, tal como o viriam a fazer os liberais dos nossos dias. Dizem eles que a missão profética de Jesus não foi compreendida e que por isso foi injustamente crucificado; que a sua morte não foi uma vitória sobre o maligno nem a satisfação da justiça divina; que apenas foi uma influência positiva para a sociedade como exemplo de altruísmo e serviço ao próximo.
Ainda hoje o homem tende a aceitar Jesus ou como modelo, ou como Senhor, Mediador e Salvador, mas não como as duas coisas. Uns insistem em seguir o seu exemplo de amor e solidariedade social, mas ignoram a sua Cruz. Outros enfatizam a sua morte pelos nossos pecados e a sua vitória sobre o maligno, mas falham em imitar as suas acções. Esquecem-se de que o Cristianismo só é forte e a fé vitoriosa quando abraçamos Cristo na sua totalidade e a Ele integralmente confiamos o destino das nossas vidas.
Desde o preciso momento em que Cristo subiu ao céu, a mensagem do Evangelho se espalhou rapidamente por toda a parte. Em três séculos, aquele pequeno grupo de cristãos que testemunhou a ressurreição de Cristo e o Pentecostes cresceu tanto que conquistou o mais poderoso império pagão da antiguidade. O fervor do seu testemunho encheu a Europa, as Américas, a África e a Ásia. Esses cento e vinte homens com quem Cristo fundou a sua igreja transformaram-se nos quase dois mil milhões que hoje habitam todos os países da terra habitada. O Cristianismo transformou-se na primeira religião verdadeiramente global, e cresce a um ritmo duas vezes superior ao da população do mundo; muito mais, infelizmente, nos países do Terceiro Mundo do que nesta velha Europa em que quase tudo começou.
Mas, não tem conta o número dos que se afirmam cristãos sem viverem o que Cristo ensinou e levarem a sério todo o conselho de Deus para as suas vidas. Como pôde o terrível massacre de seis milhões de Judeus ter lugar no coração desta velha Europa cristã? Como foi possível ocorrer uma tão horrenda carnificina tribal no Rwanda, onde se diz que 80% da população de Hutus e Tutsis eram cristãos? Como entender as terríveis lutas fratricidas entre croatas católicos e sérvios ortodoxos, ou entre católicos e protestantes na Irlanda? O século XX foi tudo menos a concretização de uma utopia. Não foi um século de progresso, mas de retrocesso: as duas guerras mundiais, com cerca de uma centena de milhões de mortos; o massacre de milhões de arménios; a chacina de milhões de chineses; as permanentes tensões em todos os continentes; a constante ameaça de uma catástrofe nuclear; as inúmeras mortes provocadas por doenças novas e sem controle; a desintegração dos valores cristãos, e a pouca esperança quanto ao dia de amanhã. E o século XXI, que mal desponta logo nos atira para uma guerra de consequências inimagináveis, tão ocultas como o inimigo que, sem dar a cara, mata milhares de vítimas inocentes e por toda a parte semeia o terror? Os horríveis atentados de 11 de Setembro são apenas mais um sinal do poder cósmico do mal; um poder de que o Evangelho de Cristo é bem consciente, bem como do seu debilitante efeito sobre a vida humana, tanto nas estruturas política, económica, social, e institucional, como nas estruturas espiritual e familiar. Tudo nos indica que à medida que o Cristianismo se afasta do paradigma bíblico original, ele se descristianiza e conforma com um paganismo latente que teima em ressurgir, acabando por cair no vazio moral e espiritual da contra-cultura da secularização.
O Jesus histórico e o Cristo da fé são uma e a mesma pessoa. Importa desmascarar o mito ideológico da sua separação; o mito que a suposta investigação moderna reinventou. Sim, Jesus Cristo é o nosso único Senhor, Salvador e Mediador, como também é o supremo exemplo das nossas vidas. É necessário que todos reconheçam que Jesus Cristo é Senhor, e que é por Ele que passa a redenção do universo, incluindo todas as estruturas da existência. Pois, como escreve o apóstolo Paulo aos Colossenses, “aprouve a Deus por Jesus Cristo reconciliar consigo mesmo todo o universo, na terra como nos céus, havendo feito a paz pelo seu sangue, derramado na cruz” (1:20).
O resultado da obra de Cristo é que o reino de Deus se manifestou e está entre nós. O reino de Deus era o tema central da sua mensagem; um reino que encarna três grandes verdades: Cristo é o Rei e Senhor de todas as coisas; nós, que O confessámos como único Salvador, Mediador e Senhor, somos os seus súbditos; a área territorial do seu domínio é a nossa vida e o universo inteiro. É este o Verbo que se fez carne, que morreu, foi sepultado e ressuscitou; que pelo Espírito está presente na igreja, que voltará segunda vez para consumar a obra do seu Reino e para viver sempre connosco ao seu lado em novos céus e nova terra em que habita a justiça e em que a paz jamais será quebrada.
A carta ao Hebreus começa com uma profunda reflexão sobre a pessoa e obra de Cristo. Jesus Cristo é a face humana de Deus, o reflexo da sua glória e a expressa imagem da sua pessoa. Foi Ele o Criador do universo, e é Ele quem sustenta todas as coisas com o poder da sua palavra. Jesus Cristo é o encarnado Filho de Deus que veio ao mundo com o objectivo expresso de redimir a humanidade. A razão primária da sua vinda ao mundo não foi realizar milagres e ser exemplo de boas obras. Esse foi o resultado natural da sua vida sem pecado. O seu grande objectivo foi a morte na cruz, “para que pela graça de Deus Ele provasse a morte por todos” (2:9). Três palavras-chave explicam no capítulo 2 o processo pelo qual o nosso Salvador resolveu de vez o problema do pecado e da morte eterna: destruir, libertar e propiciar. Pela sua morte na cruz Jesus destruiu as obras dos diabo, libertou-nos do pavor da morte e da escravidão do pecado, e proporcionou o sacrifício através do qual a justiça de Deus é satisfeita e os nossos pecados são perdoados (2:14-17). No primeiro capítulo desta carta, a nossa atenção é dirigida para a primeira criação de Deus: Jesus como o Criador deste universo imenso. No segundo capítulo, temos o acto criador de uma nova vida em Cristo. Primeiro, a sua obra antes de haver sido feito homem. Depois, a sua obra em plena identificação connosco.
Como diz o autor desta carta, Jesus Cristo fez-se homem com o fim de resolver de vez o problema radical da humanidade. Criado à imagem e semelhança de Deus, o homem fora feito um pouco inferior aos anjos, fora coroado de glória e de honra, recebera de Deus a autoridade de exercer domínio sobre todas as coisas. Como coroa da criação de Deus, o homem teve aos seus pés o universo inteiro, pois nada Deus deixou fora do seu domínio. Contudo a entrada desse terrível acidente, que é o pecado, alterou todas as coisas. Como diz o autor da carta, “ mas o certo é que ainda não vemos que todas as coisas lhe estejam sujeitas” (2:8). O homem perdeu por completo a sua capacidade de controle sobre a natureza. Escapa-lhe o governo dos ventos e dos mares. À mercê dos eventos e circunstâncias que o ultrapassam, a morte o intimida e apavora, não encontra resposta para os grandes ‘porquês’ da existência, e não entende o sentido último da vida.
A encarnação de Jesus Cristo surge, portanto, no horizonte da humanidade como a resposta de Deus para a solução do dramático problema humano. Jesus Cristo é o segundo Adão por cujo “acto de justiça veio a graça de Deus sobre todos os homens para a justificação que dá vida. Porque, assim como pela desobediência de um só homem muitos se tornaram pecadores, assim também pela obediência de um só muitos se tornarão justos” (Romanos 5:18-19). De sorte que a vinda de Cristo e a instauração do seu reino não é uma mera intrusão no mundo secular ou uma componente espiritual que lateralmente acompanha a vida. É, sim, o centro através do qual a vida se entende, e no qual o verdadeiro sentido da vida se encontra. Jesus Cristo é verdadeiramente a resposta de Deus para as questões fundamentais da vida humana. Ele é “o Caminho, a Verdade e a Vida; ninguém vem ao Pai senão por Ele” (João 14:6).
A encarnação, a morte e a ressurreição de Cristo são os temas fundamentais de uma fé vitoriosa. Quando Paulo escreveu aos Efésios, falou da convergência ou recapitulação de todas as coisas em Cristo: “Ele desvendou-nos o mistério da sua vontade, e o plano generoso que tinha determinado realizar por meio de Cristo. Esse plano consiste em levar o universo à sua realização total, na plenitude dos tempos, fazendo convergir todas as coisas sob a soberania de Cristo, tanto as que estão nos céus como as que estão sobre a terra” (Ef. 1:9-12). Deus não salva apenas as pessoas. Pela sua vida e obra consumada na cruz e na ressurreição, o universo inteiro e toda a história, desde a criação do mundo até aos novos céus e a nova terra, foram reunidos em Cristo. “Quando Deus criou o mundo, Deus olhou para a sua criação e declarou que tudo era bom”. Deus agradou-se em tudo o que do nada fora trazido à existência, pois isso era o produto da sua própria acção criadora. Deus criou o tempo, o espaço, o som, a cor, a beleza, a ordem, a vida, os animais, o homem – todas as coisas. A visão da sua obra deu a Deus grande prazer. Mas, por força do poder do maligno, a harmonia e a beleza da obra da criação divina foram profundamente afectadas e desfiguradas. O ódio, a avidez, o caos e a desarmonia devastaram a criação. E, embora a criação permanecesse boa em si mesma, o poder do mal que operava mediante pessoas e instituições sociais...atraiu para a criação a dor e a miséria da desumanização. Deus podia ter destruído a criação e começado de novo. Mas não. Ele escolheu fazer-se a criação. Deus uniu-se à humanidade e tomou um corpo ‘sujeito à morte’ a fim de derrotar a consequência do pecado, que é a morte.” Quando Adão e Eva caíram, os demónios do mal foram disparados contra a ordem da criação (Efésios 2:2). Deterioraram-se as instituições sociais, violentaram-se as pessoas, contaminou-se o ambiente, mataram-se vítimas inocentes, afronta-se a humanidade com o risco de um holocausto nuclear e os horrores de um terrorismo sem face totalmente diabolizado e demonizado. Os poderes do mal privaram a terra da sua pureza e harmonia, e transformaram a ‘bênção original’ em maldição universal. Mas Cristo, o segundo Adão, quebrou os grilhões do pecado pela sua obediência ao Pai e reverteu os efeitos da queda pela sua morte. Como diz o apóstolo Paulo, “a própria criação será libertada da sua escravidão e da destruição para tomar parte na gloriosa liberdade dos filhos de Deus” (Romanos 8:21). “A criação e a queda não são objectos intelectuais de mera inquirição. São, sim, partes da história da existência, partes da história que apenas pode ser verdadeiramente entendida à luz do Christus Victor. Pois foi mediante Cristo que os poderes do mal sofreram uma derrota irreversível!” É por Ele que nós vivemos na esperança escatológica da inteira e final convergência ou recapitulação de todas as coisas. “Esta esperança, esta expectativa da renovação de todas as coisas em Cristo é também a visão que a sua igreja vive e inspira...O mal não é a palavra final na existência humana. A palavra final é Jesus Cristo. A visão de novos céus e nova terra não é fantasia. É a realidade, a verdade. E, por conseguinte, ela é a esperança que sustenta e alimenta tudo quanto fazemos como cristãos.”
Em suma, acrescenta Robert Webber, a mensagem do Cristo que destruiu as obras do diabo, nos libertou da escravidão da morte e fez propiciação pelos nossos pecados, “fala às origens de todas as coisas, resolve o problema do pecado, afirma um Deus que está intimamente ligado à ordem da criação, responde à busca humana de sentido, providencia uma esperança para o futuro. Esta mensagem é o mistério de ‘Deus...reconciliando o mundo consigo mesmo em Cristo, não tendo em conta os seus pecados’ (II Cor. 5:19)”. Esta é a mensagem de boas novas para a sociedade pós-moderna: Deus visitou a sua criação, e fez-se parte dela em Cristo a fim de definitivamente promover a sua restauração.
Uma das grandes conclusões da ciência pós-moderna é a de que não existe um centro para o universo, um centro que tudo justifica e explica. Os filósofos concluem que todas as coisas são relativas. Com base neste conceito de relativismo, a teologia liberal procura justificar a sua proposta de ‘pluralismo’ ideológico, na crença de que nenhuma religião ou doutrina religiosa se deve considerar melhor do que as outras. Mas como evangélicos nós sempre afirmámos e continuamos a afirmar a interpretação apostólica da centralidade de Cristo. Esta mensagem é a estrutura de fé pela qual nós vemos, interpretamos e entendemos tanto o mundo como a vida. Deus em Cristo fez-se parte da criação para remi-la. E também por esta razão Ele é o centro do universo, aquele que criou e dá sentido à vida, aquele que pela sua encarnação, morte e ressurreição reconciliou todas as coisas consigo mesmo, para glória de Deus Pai.
A SINGULARIDADE DE JESUS
Prof. Dr. Manuel Alexandre Júnior
Coimbra, 10 de Novembro de 2001
Agradeço a honrosa oportunidade de participar neste encontro com uma palavra de reflexão sobre o tema que me foi confiado, “A Singularidade de Jesus”. Sendo este um dos temas mais apaixonantes que ao longo dos anos têm inspirado a minha vida e o meu ministério, é com a maior satisfação que o faço.
Começo esta minha palavra com a história de um impressionante mito ultimamente arquitectado por um grupo de críticos chamado Jesus Seminar. Diz ele o seguinte: “Era uma vez um homem chamado Jesus. Jesus foi um judeu cínico, um mestre de sabedoria que lutou contra o sistema dominante do seu tempo. Ele proclamou um reino de Deus fundado na liberdade, igualdade e fraternidade. Para protegerem o seu poder político e económico, os chefes dos romanos e dos judeus crucificaram-no. Mesmo morto, os seus ensinos estavam tão vivos na alma dos que o seguiram que estes falavam dele como se ainda estivesse vivo...
“Infelizmente, alguns dos novos convertidos à sua causa, pessoas que de facto nunca o conheceram, tomaram as palavras dos discípulos de Jesus a sério e ficaram à espera do seu regresso para estabelecer o reino prometido. Quando viram que Jesus não voltava, ficaram desapontados e começaram a desenvolver a ideia, de origem pagã, sobre uma vida após a morte em que finalmente o iriam reencontrar.
“Entretanto, o sistema dominante da época começou a sentir-se ameaçado pelo crescente movimento de Jesus, e decidiu que, para a sua sobrevivência, também a ele deveria aderir. Os manipulados discípulos de Jesus tornaram-se ‘igreja’ e começaram a construir um dogma rígido que muito pouco tinha a ver com o verdadeiro Jesus da história. Compilaram uma ‘escritura’, produzida muito tempo depois da morte de Jesus por pessoas que falsamente afirmavam conhecê-lo. Alguns desses escritos baseavam-se em fragmentos de facto, mas a maior parte deles não.
“Ignorando quem Jesus foi realmente, o sistema pôs-se a usar estas escrituras para oprimir as pessoas discordantes, e também para oprimir mulheres, minorias raciais e homossexuais. Jesus transformou-se assim em pretexto de um novo sistema dominante. Alguns intelectuais corajosos levantaram-se, entretanto, contra esta igreja. Confrontada pela ciência e pela razão, ela perdeu finalmente o monopólio do poder e começou a ser posta em causa... No auge dessa contestação, surgiu um pequeno grupo de críticos ousados e aventureiros chamado Jesus Seminar, que finalmente limpou a igreja dos mitos a que só gente mentecapta e supersticiosa ainda adere”.
Que estranha lenda esta! E com que requinte ela foi congeminada! Dá para perguntar mais uma vez: Quem foi realmente Jesus? Que obras realizou? Qual o conteúdo e a força do seu ensino? Qual o sentido da sua vida e da sua morte? O que me proponho aqui fazer não é um estudo exaustivo de resposta a estas questões. Seria impossível em tão pouco tempo. Se o apóstolo João disse que nem no mundo inteiro caberiam os livros que se teriam de escrever para contar tudo o que o Senhor Jesus disse e fez, quem sou eu para esgotar em menos de uma hora tão sublime tema? Limitar-me-ei, sim, a assinalar alguns traços que marcam a singularidade da sua pessoa, do seu ensino e da sua obra. Não o vou, porém, fazer de forma narrativa ou descritiva, pois me parece que todos aqui conhecem bem a sua história. O que pretendo é reflectir convosco sobre os fundamentos desta maravilhosa história e pôr-vos de algum modo a reagir a algumas das questões que hoje mais ocupam os que estudam a vida e obra de Jesus de Nazaré.
I – SINGULARIDADE DA VIDA E OBRA DE JESUS
Um dos maiores problemas da ciência pós-moderna é o de procurar e não encontrar o centro do universo, aquilo que justifica e une todas as forças da natureza. Os filósofos pensam que todas as coisas são relativas, e muitos teólogos proclamam um pluralismo ideológico fundado na crença de que nenhum ponto de vista religioso se deve considerar melhor do que os outros. Mas nós os cristãos, que abraçamos a fé apostólica e evangélica, sempre afirmámos e continuamos a afirmar a centralidade da pessoa e obra de Jesus Cristo em toda a ordem da criação.
O Cristianismo é único entre todas as religiões da terra, e a razão da sua singularidade está na figura histórica do seu centro: Jesus Cristo. O hino com que abre o Evangelho segundo João proclama esta verdade: “todas as coisas foram feitas por Ele...” (1:10). Proclama-a também o grande hino de Paulo na carta aos Colossenses, que diz: “todas as coisas foram criadas por Ele, nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis, as forças espirituais, os domínios, as autoridades e os poderes. Tudo foi criado por Ele e para Ele...É Ele que dá consistência a tudo o que existe” e é por meio dele que se fará “a reconciliação consigo mesmo de tudo o que existe no universo” (1:16-17, 20). Conforme afirma e sustenta o apóstolo João, aquele que é o centro do universo é “a Palavra que se fez carne e habitou entre nós” (1:14). E Paulo acrescenta: Esse Jesus, “que por natureza era Deus,...se fez homem, viveu como homem, se humilhou a si mesmo, e obedeceu até à morte”, é o mesmo Cristo perante quem “todo o joelho se dobrará, no céu, na terra e debaixo da terra, e toda a língua confessará que Jesus Cristo é o Senhor para glória de Deus Pai” (Fil. 2:6-11).
Seria estranho dizer a um cristão antes do século XVIII que ele precisava de descobrir Jesus nos evangelhos. Se Jesus não estava perdido, como precisava o cristão de o encontrar? Se os evangelhos são o relato mais simples, claro, natural e verdadeiro da pessoa e obra de Jesus, que outras fontes nos poderiam dar dele um retrato mais fiel? Os evangelhos foram sempre, ao longo de mais de dezassete séculos, universalmente aceites como livros divinamente inspirados e inteiramente dignos de confiança. O relato que dão de Jesus é portanto uma história verdadeira. Tanto mais que os seus autores tiveram um contacto directo com os eventos ou com as fontes primárias que os descrevem. Mateus e João eram discípulos de Jesus. Marcos registou as memórias de Pedro. E Lucas colheu directamente os eventos que narrou de muitas testemunhas oculares e outros discípulos de Cristo (Luc. 1:1-4).
Mas, com a vinda do Iluminismo, começou a instalar-se a dúvida em torno dos principais temas da fé cristã. A credibilidade dos Evangelhos foi posta em causa. Insinuou-se que estes não eram a história verdadeira de Jesus, mas apenas histórias acerca de Jesus; histórias escritas mais tarde do que realmente foram, e entretanto impregnadas de mitos, lendas e tradições várias. Insinuaram os mentores desta nova ideia que o verdadeiro Jesus de Nazaré se oculta por detrás de uma enorme massa de informação duvidosa, que Ele não foi mais do que uma importante figura religiosa do seu tempo e que a real imagem dessa figura precisa de ser redescoberta. E que critérios usaram para simular essa descoberta? Tudo o que lhes soasse a sobrenatural teria de ser eliminado ou então reinterpretado da forma que ao naturalista parecesse aceitável.
Muitas foram as tentativas de reconstrução da vida de Jesus, a partir de Reimarus (1694-1768), para quem Jesus não era mais do que um sábio moralista que procurou cumprir os ideais do reino, e que por engano acreditou ser o Messias. Contam-se entre essas obras, numa primeira fase, as vidas de Jesus escritas por Strauss, Renan e Schweitzer; obras de uma crítica radical espantosamente férteis nas questões que levantaram, mas para as quais até hoje não avançaram com respostas científicas palpáveis que satisfaçam ou convençam, nem mesmo a comunidade académica.
À medida que a fé nos Evangelhos ia sendo minada, sugeria-se em alternativa a distinção teológica entre o Jesus histórico e o Cristo da fé . Em 1926, Rudolf Bultmann começou a sugerir que quase nada se conhecia do Jesus que vivera há dois mil anos sobre a terra. A distinção que era necessário fazer era entre o Jesus histórico, de quem tão pouco se sabia, e o Cristo da fé, que nada mais era do que o produto de uma construção imaginária e idealizada da igreja. Dizia ele, num artigo publicado nos anos quarenta, que devemos pegar nos primitivos ‘mitos’ cristãos da encarnação, da divindade, da morte pelo pecado e da ressurreição, e traduzi-los em categorias aceitáveis ao homem do século XX. Com este seu novo programa hermenêutico de desmitologização deixava Bultmann claras duas coisas: que esses ‘mitos’ (entre aspas) não são literalmente verdadeiros, mas podem ser ponto de partida para deles se tirar alguma lição moral ou espiritual; que os evangelhos apenas nos dão alguma escassa informação da vida, morte e crucificação de Jesus; que o Jesus histórico se oculta por detrás da pregação da igreja, miticamente impregnada de um maravilhoso cristão sem fundamento de verdade.
Depressa a proposta hermenêutica de Bultmann foi contestada por alguns dos seus discípulos, entre eles Käsemann, que o acusou de aderir a uma moderna forma de gnosticismo – a um sistema intelectual de fé sem fundamento histórico e em risco de perder Jesus por completo – e resolutamente afirmou que a fé cristã se não pode divorciar das suas raízes históricas na pessoa humana de Jesus. Na linha desta nova caminhada em busca do Jesus histórico, encontram-se também Günther Bornkamm e James Robinson que pouco lhe acrescentaram.
A comunidade dos críticos que representam a linha do naturalismo filosófico continua hoje profundamente dividida no que respeita à obra de Cristo e aos seus ensinos. Já lá vai o tempo em que os ideólogos do liberalismo teológico e histórico falavam sem relevante oposição nas cátedras da academia. A mais recente vaga de estudos sobre o Jesus da história, também por vezes chamada a ‘terceira caminhada em busca do Jesus histórico’, acentuou ainda mais as marcas dessa desunião. Nem sequer concordam sobre o que fazer, o modo como o fazer e a que resultados chegar sobre a pessoa de Jesus. Ao porem de parte a única fonte credível de informação – os Evangelhos –, cada grupo chega ao fim com uma proposta de reconstrução diferente sobre a história de Jesus. Uns definem Jesus como um agente político de mudança, outros como o anunciador de uma filosofia estranha à semelhança dos filósofos cínicos do mundo greco-romano, outros ainda como um zelote, um mágico, um profeta moralista, um camponês confuso da Galileia, um ideólogo, um marxista ou um charlatão ; mas, o maior número o define, mesmo nas alas do liberalismo, como o grande mestre, o Messias e o imaculado Filho de Deus .
Sublinha Craig Evans que os pressupostos desta terceira onda liberal de investigação diferem da velha e nova buscas do Jesus histórico em vários aspectos. Esta novíssima vaga de pesquisa representa, de facto, uma ruptura muito grande com os pressupostos e métodos que caracterizaram os primeiros dois séculos de investigação sobre o Jesus histórico.
Primeiro, no que concerne à problemática de mito e milagre, a maior parte das obras mais recentes sobre o Jesus histórico pouca ou nenhuma referência faz ao problema do mito ou à hermenêutica bultmaniana da desmitologização. A investigação sobre a pessoa e a obra de Jesus reflecte ultimamente um maior optimismo quanto ao facto de os evangelhos conterem os dados necessários para uma reconstrução inteligível do ministério de Jesus. Até os milagres são agora tratados com seriedade e aceites como parte integrante do ministério de Jesus. As histórias dos milagres são cautelosa e realisticamente discutidas, interpretadas em contexto e, na maior parte dos casos, sem qualquer referência específica à hipótese de mito. Franz Mussner, Alfred Suhl, René Latourelle e muitos outros, argumentam a historicidade dos milagres de Jesus e defendem a sua realização como factos indesmentíveis.
Em segundo lugar, no que respeita ao valor histórico dos evangelhos, cada vez mais se olha para estes como fontes históricas úteis e dignas de confiança. O extremo cepticismo que durante tanto tempo dominou a investigação relativa aos Evangelhos já passou. Figuras tão representativas da ala racionalista e liberal como Sanders e Marcus Borg, concluíram afinal que é possível traçar pelo Evangelho uma imagem razoavelmente fidedigna do Jesus histórico. Curiosamente, há trinta e cinco/quarenta anos Bultmann enfatizava a diferença entre o Jesus histórico e o Cristo da fé, como se de duas realidades distintas se tratasse; hoje, pelo contrário, enfatiza-se e explora-se a consciência da unidade entre o Jesus histórico e o Cristo do evangelho.
E não é só a comunidade liberal que se vem desagregando e progressivamente envolvendo em inevitáveis contradições. É toda uma plêiade de estudiosos cristãos que com eles estudaram e das suas teses se demarcaram; investigadores libertos de preconceitos, prejuízos e pressupostos filosóficos ou ideológicos; homens e mulheres que nas mesmas universidades e escolas de teologia cientificamente investigam e ensinam, e que em resultado do rigor científico do seu trabalho e da abertura das suas mentes para a verdade, acabaram por reconhecer no conteúdo integral dos Evangelhos a fonte mais segura e digna de confiança para a compreensão da pessoa e obra de Jesus.
II – SINGULARIDADE DO ENSINO DE JESUS
A par desta investigação em busca da vida e obra do Jesus histórico, desenvolveu-se também uma outra linha de investigação em busca das reais palavras de Jesus e o seu ensino. Durante o século XIX, quando os Evangelhos estavam a ser gradualmente postos em causa como documentos historicamente dignos de confiança, e os elementos sobrenaturais da vida de Jesus se passaram a tratar como mitos e lendas, a atenção dos investigadores voltou-se do que Jesus fez para o que realmente disse. Esperavam eles encontrar nos seus ditos a face de um Jesus meramente humano, que apenas ensinou seus discípulos a amar a Deus e servir o próximo. Mas, com o abandono da velha questão liberal do Jesus histórico também esta proposta fracassou, só vindo a ressurgir nos anos cinquenta da século passado com o renovado esforço de encontrar na suposta tradição da igreja o que Jesus realmente disse, o que verdadeiramente ensinou. Multiplicaram-se os critérios, as propostas e os métodos, mas os resultados foram, também aqui, praticamente nulos.
Mais recentemente, formou-se um grupo de estudiosos revisionistas chamado “Jesus Seminar”, para decidir colectivamente por voto que partes dos Evangelhos são realmente os ditos que representam o ensino de Jesus. O seu objectivo foi negar a historicidade daquele que os cristãos adoram, reafirmando as teses de mais de cem anos de cepticismo liberal. As suas conclusões, publicadas em finais de 1993 na obra The Five Gospels: What did Jesus Really Say?, pouco mais reflectem do que um claro retorno aos métodos e conclusões racionalistas do século XIX. Questiona-se mais uma vez a autenticidade dos Evangelhos. Rejeita-se e põe-se em causa quase tudo o que os Evangelhos afirmam que Jesus disse. Tenta-se fazer o mesmo com o que Jesus realmente fez.
Para o fundador deste movimento e o seu núcleo mais duro é necessário que a fé cristã seja arreada do seu pedestal e substituída por um novo e universal espírito de fraternidade humanista e secular, mais ou menos enquadrada na linha geral de pensamento que inspira o movimento da Nova Era; uma nova ideologia pagã onde não há mais lugar para Cristo, nem para o evangelho de Cristo, nem sequer para a tradição cristã. As conclusões deste Seminar foram reunidas e têm vindo a ser divulgadas por seus mentores em vinte e uma teses, das quais, a título de curiosidade, destacamos as doze seguintes:
1. Não existe um deus exterior ao mundo material.
2. O darwnismo matou de vez a doutrina de uma criação especial conforme a narrativa bíblica.
3. A desliteralização da narrativa bíblica das origens acabou de vez com o dogma do pecado original.
4. Os milagres de Jesus são uma afronta à justiça e integridade de Deus.
5. Jesus não é divino.
6. A ideia de Jesus como redentor é arcaica.
7. O nascimento virginal de Jesus é um insulto à inteligência moderna.
8. Jesus não ressuscitou dos mortos.
9. Não existem mediadores entre Deus e o homem.
10. O reino de Deus é uma viagem sem fim e uma perpétua odisseia.
11. A Bíblia não contém modelos objectivos de conduta.
12. As reconstruções da pessoa e obra de Jesus podem ser sempre modificadas.
Felizmente que a influência destes críticos radicais se vai aos poucos diluindo, e poucos são os que, no seio do Cristianismo, hoje aderem às suas ideias. Como atrás referimos, é cada vez mais forte a corrente dos que em toda a parte se erguem na defesa das verdades que o evangelho de Cristo encarna. Nunca como agora, tanto na academia como fora dela, soou com tanto vigor a voz dos que com as armas da ciência e da sabedoria crítica solidamente rejeitam os seus infundados pontos de vista. Os últimos dois séculos têm-nos revelado afinal o fracasso de quem procura dar sentido aos Evangelhos, esvaziando-os da sua essência, esquartejando-os, e tudo fazendo para deles remover a dimensão sobrenatural da sua mensagem.
Os Evangelhos são dignos de confiança porque eles foram inspirados por Deus. Como dizem os bispos do Vaticano II em seu documento sobre a revelação divina, Dei Verbum, o Espírito Santo é o autor primário da Escritura, e a verdade que ela ensina é fiel e sem erro tendo em vista a nossa salvação. Ao defenderem com tanta firmeza a historicidade dos Evangelhos, eles afirmaram que estes são os fieis transmissores do que Jesus verdadeiramente ensinou e fez.
É nas Escrituras do Novo Testamento que encontramos o paradigma do verdadeiro Cristianismo. Não nessas escrituras truncadas que apenas nos dão a imagem de um Cristianismo completamente desfigurado; mas na versão completa da Escritura que os nossos pais tão fielmente reconheceram, conservaram e amaram, e que nós, por imperativo de fé, haveremos de continuar a honrar e proclamar.
Num tempo de tão claras mudanças como é o nosso; num tempo em que as novas revoluções vertiginosamente se fazem sentir em todas as áreas da vida – na ciência, na filosofia e nas comunicações; num tempo em que o maravilhoso pagão, com todos os sub-valores da contracultura que representa, parece querer afirmar-se como alternativa à fé cristã, é necessário retomar em pleno o paradigma universal que Cristo inspirou e os apóstolos encarnaram, para de novo fazer germinar em nossa cultura os princípios e valores do Evangelho. Nós não fomos chamados a reinventar a fé cristã, mas sim a ser fieis às suas origens.
É a fé antiga que tem futuro e não a fé desgastada pelas inúmeras transfigurações que os avanços e recuos ideológicos da nossa história determinaram. E esta fé antiga é, numa só palavra, Cristo. Jesus Cristo é o evento primordial da fé cristã. Foi nele que Deus, o Deus eterno, se fez carne com o fim específico de entrar na história, de penetrar as fronteiras da história para recuperar a sua criação mediante a vitoriosa derrota dos poderes do mal.
III – O SENTIDO DA VIDA E OBRA DE CRISTO PARA NÓS HOJE
O meu sobrinho gostava muito de jogar com puzzles. Antes de começar a reunir as peças e colocar cada uma no seu lugar, ele tinha uma preocupação: encontrar a chave, a imagem central em torno da qual todas as demais peças faziam sentido. Uma vez encontrada a chave, o resto do puzzle facilmente se ia resolvendo. Ora na fé cristã a chave do puzzle é a obra de Cristo. O que primeiro nos é necessário é uma sólida compreensão do sentido da sua vida e obra. Os demais elementos da fé todos depois rapidamente se ajustam.
A experiência ensina-me que eu nem sempre tive uma visão tão abrangente e completa de Cristo como devia. Não por que eu não procurasse ser um crente fiel e não tivesse uma visão correcta da verdade bíblica; mas porque a abertura da minha visão o não permitia. Foi necessário descobrir primeiro o carácter universal e cósmico de Cristo. Só então me foi dada a chave para abrir a porta de um rico arsenal de tesouros espirituais, e me foi concedido ter uma visão global do mundo e da vida na perspectiva cristã correcta.
Diz Robert Webber que esta compreensão bíblica e clássica de Cristo é a resposta para os dois grandes problemas que o pós-modernismo hoje nos coloca. Primeiro, a ciência anda à procura de um princípio unificador, e o modelo bíblico da fé cristã afirma a unidade e a coerência de todas as coisas em Cristo (Col. 1:16-20). Segundo, ao contrário da doutrina moderna da bondade humana, o pós-modernista reconhece a presença do mal sem ter para ele uma resposta adequada ou definitiva, e o Evangelho anuncia em Cristo a derrota do mal pela sua morte e ressurreição.
O Cristo que o modelo bíblico anuncia e consagra é, repito, o centro do universo. É Ele quem dá sentido à vida e quem soberanamente lida e ensina a lidar com o problema do mal. É Ele, que “vê a presença e o poder do mal na sociedade como o impacto do pecado original que permeia todas as estruturas da existência. Mas é também a doutrina dele que rejeita ‘a bênção original’ do pos-modernismo, que ensina que milhões de anos de evolução irão conduzir a criação e a humanidade à sua perfeição”. Para o Cristianismo bíblico, acrescenta Webber, “a bênção original é o segundo Adão, aquele que pelo seu evento redentor entrou na história para reverter os efeitos do pecado original. Foi Ele só que amarrou, destronou, e ultimamente destruirá todos os poderes do mal e restaurará a ordem criada”.
Como justamente observa Robert Webber, raramente a igreja apresentou uma visão holística ou integral da obra de Cristo; uma visão com ênfase simultânea no seu sacrifício vicário, na sua vitória sobre os poderes das trevas, e no exemplo que Cristo nos deu a seguir. E é essa visão redutora que, por defeito ou excesso, justifica os principais momentos de crise por que passou a igreja de Cristo no longo percurso da sua história. “A interpretação dominante da obra de Cristo nos primeiros mil anos...é a proclamação de que a sua morte e ressurreição constituem uma vitória sobre os poderes do mal.” Durante a Idade Média, uma época pouco sensível aos poderes do mal, “a interpretação da obra de Cristo como sacrifício eclipsou e acabou por substituir a interpretação do Christus Victor”. Na Reforma protestante, embora se continuasse a enfatizar o carácter sacrificial da morte de Cristo, este sacrifício era entendido como oferta necessária para satisfazer as exigências da santidade de Deus, ultrajada e ofendida pelo pecado. Ainda na Idade Média, surgiu com Abelardo uma terceira interpretação da morte de Cristo exclusivamente centrada no seu exemplo de humildade e renúncia até à morte, tal como o viriam a fazer os liberais dos nossos dias. Dizem eles que a missão profética de Jesus não foi compreendida e que por isso foi injustamente crucificado; que a sua morte não foi uma vitória sobre o maligno nem a satisfação da justiça divina; que apenas foi uma influência positiva para a sociedade como exemplo de altruísmo e serviço ao próximo.
Ainda hoje o homem tende a aceitar Jesus ou como modelo, ou como Senhor, Mediador e Salvador, mas não como as duas coisas. Uns insistem em seguir o seu exemplo de amor e solidariedade social, mas ignoram a sua Cruz. Outros enfatizam a sua morte pelos nossos pecados e a sua vitória sobre o maligno, mas falham em imitar as suas acções. Esquecem-se de que o Cristianismo só é forte e a fé vitoriosa quando abraçamos Cristo na sua totalidade e a Ele integralmente confiamos o destino das nossas vidas.
Desde o preciso momento em que Cristo subiu ao céu, a mensagem do Evangelho se espalhou rapidamente por toda a parte. Em três séculos, aquele pequeno grupo de cristãos que testemunhou a ressurreição de Cristo e o Pentecostes cresceu tanto que conquistou o mais poderoso império pagão da antiguidade. O fervor do seu testemunho encheu a Europa, as Américas, a África e a Ásia. Esses cento e vinte homens com quem Cristo fundou a sua igreja transformaram-se nos quase dois mil milhões que hoje habitam todos os países da terra habitada. O Cristianismo transformou-se na primeira religião verdadeiramente global, e cresce a um ritmo duas vezes superior ao da população do mundo; muito mais, infelizmente, nos países do Terceiro Mundo do que nesta velha Europa em que quase tudo começou.
Mas, não tem conta o número dos que se afirmam cristãos sem viverem o que Cristo ensinou e levarem a sério todo o conselho de Deus para as suas vidas. Como pôde o terrível massacre de seis milhões de Judeus ter lugar no coração desta velha Europa cristã? Como foi possível ocorrer uma tão horrenda carnificina tribal no Rwanda, onde se diz que 80% da população de Hutus e Tutsis eram cristãos? Como entender as terríveis lutas fratricidas entre croatas católicos e sérvios ortodoxos, ou entre católicos e protestantes na Irlanda? O século XX foi tudo menos a concretização de uma utopia. Não foi um século de progresso, mas de retrocesso: as duas guerras mundiais, com cerca de uma centena de milhões de mortos; o massacre de milhões de arménios; a chacina de milhões de chineses; as permanentes tensões em todos os continentes; a constante ameaça de uma catástrofe nuclear; as inúmeras mortes provocadas por doenças novas e sem controle; a desintegração dos valores cristãos, e a pouca esperança quanto ao dia de amanhã. E o século XXI, que mal desponta logo nos atira para uma guerra de consequências inimagináveis, tão ocultas como o inimigo que, sem dar a cara, mata milhares de vítimas inocentes e por toda a parte semeia o terror? Os horríveis atentados de 11 de Setembro são apenas mais um sinal do poder cósmico do mal; um poder de que o Evangelho de Cristo é bem consciente, bem como do seu debilitante efeito sobre a vida humana, tanto nas estruturas política, económica, social, e institucional, como nas estruturas espiritual e familiar. Tudo nos indica que à medida que o Cristianismo se afasta do paradigma bíblico original, ele se descristianiza e conforma com um paganismo latente que teima em ressurgir, acabando por cair no vazio moral e espiritual da contra-cultura da secularização.
O Jesus histórico e o Cristo da fé são uma e a mesma pessoa. Importa desmascarar o mito ideológico da sua separação; o mito que a suposta investigação moderna reinventou. Sim, Jesus Cristo é o nosso único Senhor, Salvador e Mediador, como também é o supremo exemplo das nossas vidas. É necessário que todos reconheçam que Jesus Cristo é Senhor, e que é por Ele que passa a redenção do universo, incluindo todas as estruturas da existência. Pois, como escreve o apóstolo Paulo aos Colossenses, “aprouve a Deus por Jesus Cristo reconciliar consigo mesmo todo o universo, na terra como nos céus, havendo feito a paz pelo seu sangue, derramado na cruz” (1:20).
O resultado da obra de Cristo é que o reino de Deus se manifestou e está entre nós. O reino de Deus era o tema central da sua mensagem; um reino que encarna três grandes verdades: Cristo é o Rei e Senhor de todas as coisas; nós, que O confessámos como único Salvador, Mediador e Senhor, somos os seus súbditos; a área territorial do seu domínio é a nossa vida e o universo inteiro. É este o Verbo que se fez carne, que morreu, foi sepultado e ressuscitou; que pelo Espírito está presente na igreja, que voltará segunda vez para consumar a obra do seu Reino e para viver sempre connosco ao seu lado em novos céus e nova terra em que habita a justiça e em que a paz jamais será quebrada.
A carta ao Hebreus começa com uma profunda reflexão sobre a pessoa e obra de Cristo. Jesus Cristo é a face humana de Deus, o reflexo da sua glória e a expressa imagem da sua pessoa. Foi Ele o Criador do universo, e é Ele quem sustenta todas as coisas com o poder da sua palavra. Jesus Cristo é o encarnado Filho de Deus que veio ao mundo com o objectivo expresso de redimir a humanidade. A razão primária da sua vinda ao mundo não foi realizar milagres e ser exemplo de boas obras. Esse foi o resultado natural da sua vida sem pecado. O seu grande objectivo foi a morte na cruz, “para que pela graça de Deus Ele provasse a morte por todos” (2:9). Três palavras-chave explicam no capítulo 2 o processo pelo qual o nosso Salvador resolveu de vez o problema do pecado e da morte eterna: destruir, libertar e propiciar. Pela sua morte na cruz Jesus destruiu as obras dos diabo, libertou-nos do pavor da morte e da escravidão do pecado, e proporcionou o sacrifício através do qual a justiça de Deus é satisfeita e os nossos pecados são perdoados (2:14-17). No primeiro capítulo desta carta, a nossa atenção é dirigida para a primeira criação de Deus: Jesus como o Criador deste universo imenso. No segundo capítulo, temos o acto criador de uma nova vida em Cristo. Primeiro, a sua obra antes de haver sido feito homem. Depois, a sua obra em plena identificação connosco.
Como diz o autor desta carta, Jesus Cristo fez-se homem com o fim de resolver de vez o problema radical da humanidade. Criado à imagem e semelhança de Deus, o homem fora feito um pouco inferior aos anjos, fora coroado de glória e de honra, recebera de Deus a autoridade de exercer domínio sobre todas as coisas. Como coroa da criação de Deus, o homem teve aos seus pés o universo inteiro, pois nada Deus deixou fora do seu domínio. Contudo a entrada desse terrível acidente, que é o pecado, alterou todas as coisas. Como diz o autor da carta, “ mas o certo é que ainda não vemos que todas as coisas lhe estejam sujeitas” (2:8). O homem perdeu por completo a sua capacidade de controle sobre a natureza. Escapa-lhe o governo dos ventos e dos mares. À mercê dos eventos e circunstâncias que o ultrapassam, a morte o intimida e apavora, não encontra resposta para os grandes ‘porquês’ da existência, e não entende o sentido último da vida.
A encarnação de Jesus Cristo surge, portanto, no horizonte da humanidade como a resposta de Deus para a solução do dramático problema humano. Jesus Cristo é o segundo Adão por cujo “acto de justiça veio a graça de Deus sobre todos os homens para a justificação que dá vida. Porque, assim como pela desobediência de um só homem muitos se tornaram pecadores, assim também pela obediência de um só muitos se tornarão justos” (Romanos 5:18-19). De sorte que a vinda de Cristo e a instauração do seu reino não é uma mera intrusão no mundo secular ou uma componente espiritual que lateralmente acompanha a vida. É, sim, o centro através do qual a vida se entende, e no qual o verdadeiro sentido da vida se encontra. Jesus Cristo é verdadeiramente a resposta de Deus para as questões fundamentais da vida humana. Ele é “o Caminho, a Verdade e a Vida; ninguém vem ao Pai senão por Ele” (João 14:6).
A encarnação, a morte e a ressurreição de Cristo são os temas fundamentais de uma fé vitoriosa. Quando Paulo escreveu aos Efésios, falou da convergência ou recapitulação de todas as coisas em Cristo: “Ele desvendou-nos o mistério da sua vontade, e o plano generoso que tinha determinado realizar por meio de Cristo. Esse plano consiste em levar o universo à sua realização total, na plenitude dos tempos, fazendo convergir todas as coisas sob a soberania de Cristo, tanto as que estão nos céus como as que estão sobre a terra” (Ef. 1:9-12). Deus não salva apenas as pessoas. Pela sua vida e obra consumada na cruz e na ressurreição, o universo inteiro e toda a história, desde a criação do mundo até aos novos céus e a nova terra, foram reunidos em Cristo. “Quando Deus criou o mundo, Deus olhou para a sua criação e declarou que tudo era bom”. Deus agradou-se em tudo o que do nada fora trazido à existência, pois isso era o produto da sua própria acção criadora. Deus criou o tempo, o espaço, o som, a cor, a beleza, a ordem, a vida, os animais, o homem – todas as coisas. A visão da sua obra deu a Deus grande prazer. Mas, por força do poder do maligno, a harmonia e a beleza da obra da criação divina foram profundamente afectadas e desfiguradas. O ódio, a avidez, o caos e a desarmonia devastaram a criação. E, embora a criação permanecesse boa em si mesma, o poder do mal que operava mediante pessoas e instituições sociais...atraiu para a criação a dor e a miséria da desumanização. Deus podia ter destruído a criação e começado de novo. Mas não. Ele escolheu fazer-se a criação. Deus uniu-se à humanidade e tomou um corpo ‘sujeito à morte’ a fim de derrotar a consequência do pecado, que é a morte.” Quando Adão e Eva caíram, os demónios do mal foram disparados contra a ordem da criação (Efésios 2:2). Deterioraram-se as instituições sociais, violentaram-se as pessoas, contaminou-se o ambiente, mataram-se vítimas inocentes, afronta-se a humanidade com o risco de um holocausto nuclear e os horrores de um terrorismo sem face totalmente diabolizado e demonizado. Os poderes do mal privaram a terra da sua pureza e harmonia, e transformaram a ‘bênção original’ em maldição universal. Mas Cristo, o segundo Adão, quebrou os grilhões do pecado pela sua obediência ao Pai e reverteu os efeitos da queda pela sua morte. Como diz o apóstolo Paulo, “a própria criação será libertada da sua escravidão e da destruição para tomar parte na gloriosa liberdade dos filhos de Deus” (Romanos 8:21). “A criação e a queda não são objectos intelectuais de mera inquirição. São, sim, partes da história da existência, partes da história que apenas pode ser verdadeiramente entendida à luz do Christus Victor. Pois foi mediante Cristo que os poderes do mal sofreram uma derrota irreversível!” É por Ele que nós vivemos na esperança escatológica da inteira e final convergência ou recapitulação de todas as coisas. “Esta esperança, esta expectativa da renovação de todas as coisas em Cristo é também a visão que a sua igreja vive e inspira...O mal não é a palavra final na existência humana. A palavra final é Jesus Cristo. A visão de novos céus e nova terra não é fantasia. É a realidade, a verdade. E, por conseguinte, ela é a esperança que sustenta e alimenta tudo quanto fazemos como cristãos.”
Em suma, acrescenta Robert Webber, a mensagem do Cristo que destruiu as obras do diabo, nos libertou da escravidão da morte e fez propiciação pelos nossos pecados, “fala às origens de todas as coisas, resolve o problema do pecado, afirma um Deus que está intimamente ligado à ordem da criação, responde à busca humana de sentido, providencia uma esperança para o futuro. Esta mensagem é o mistério de ‘Deus...reconciliando o mundo consigo mesmo em Cristo, não tendo em conta os seus pecados’ (II Cor. 5:19)”. Esta é a mensagem de boas novas para a sociedade pós-moderna: Deus visitou a sua criação, e fez-se parte dela em Cristo a fim de definitivamente promover a sua restauração.
Uma das grandes conclusões da ciência pós-moderna é a de que não existe um centro para o universo, um centro que tudo justifica e explica. Os filósofos concluem que todas as coisas são relativas. Com base neste conceito de relativismo, a teologia liberal procura justificar a sua proposta de ‘pluralismo’ ideológico, na crença de que nenhuma religião ou doutrina religiosa se deve considerar melhor do que as outras. Mas como evangélicos nós sempre afirmámos e continuamos a afirmar a interpretação apostólica da centralidade de Cristo. Esta mensagem é a estrutura de fé pela qual nós vemos, interpretamos e entendemos tanto o mundo como a vida. Deus em Cristo fez-se parte da criação para remi-la. E também por esta razão Ele é o centro do universo, aquele que criou e dá sentido à vida, aquele que pela sua encarnação, morte e ressurreição reconciliou todas as coisas consigo mesmo, para glória de Deus Pai.
A logomarca
Confira abaixo o significado da logomarca de Portas Abertas
Veja os elementos da logomarca
1. O sinal Icthus
Este sinal foi usado como uma forma secreta de comunicação entre os cristãos do início da Igreja dentro das catacumbas romanas.
Eles entalhavam este sinal nas paredes para que se identificassem com outros cristãos.
A missão de Portas Abertas é servir os cristãos perseguidos em todo o mundo.
Do grego:
I esous = Jesus
C hristos = Cristo
Th eous = de Deus
U ious = Filho
S oter = Salvador
A sigla pronunciada como palavra significa "peixe", daí o uso do desenho.
2. O arame farpado
O arame farpado representa as pessoas que estão nas prisões ou em campos de trabalhos forçados, pessoas que perderam a sua liberdade.
A preocupação de Portas Abertas é por aqueles irmãos e irmãs que estão atrás dos arames farpados porque servem ao Senhor Jesus Cristo.
A combinação do arame farpado e do peixe Icthus entrelaçados, faz com que o logo seja único: expressa a terrível situação atual dos cristãos que servimos e possui uma conexão com a origem da história da Igreja.
3. A rocha
A rocha é frequentemente usada na Bíblia como figura para referir-se a Deus e a Cristo.
Como Rocha, Deus é o Criador, a força, a protecção, o refúgio e a salvação do Seu povo.
No Novo Testamento, Cristo é a Rocha de onde o Espírito da vida flui, a fundação da Igreja e sua pedra angular.
4. Entalhando a rocha
Entalhar um símbolo numa rocha não é fácil.
Leva tempo e perseverança.
Viver como cristãos é também muito difícil.
Nós estamos correndo a nossa carreira e vamos continuar.
Seguir a Cristo é um processo longo que precisa de perseverança.
A renovação reafirma o chamado do início
Com o objectivo de reflectir mudanças na organização e demonstrar compromisso redobrado e paixão em servir cristãos perseguidos, Portas Abertas apresenta uma nova logomarca para reflectir sua visão ampliada para os novos tempos.
Lembre-se:
Quando você vir o Ichtus esculpido na pedra e com um arame farpado em seu dorso lembre-se:
• A Portas Abertas de hoje é a mesma que contrabandeava Bíblias para campos de trabalhos forçados.
• No início da era cristã havia uma Igreja Perseguida, como hoje ainda existe.
• Os cristãos perseguidos de hoje, como os de ontem, têm que se comunicar de forma secreta.
• O cristão precisa perseverar.
• A Igreja Perseguida de hoje, como a de ontem, está apoiada na Rocha de todas as Eras.
Ele me dirá: 'Tu és o meu Pai, o meu Deus, a Rocha que me salva.
Salmo 89:26.
Ainda hoje, cerca de 200 milhões de cristãos sofrem perseguição e outros milhões sofrem discriminação apenas porque são seguidores de Jesus Cristo.
Como fala o Irmão André, que fundou Portas Abertas em 1955: “Temos de enfocar o nosso ministério nos que são perseguidos por causa da justiça e restringidos devido a sistemas políticos e religiosos que chegam a ser ainda mais perigosos. Eu creio que a perseguição irá se intensificar e, para nós, a melhor época para ministrar ainda está por vir. Mas ela chegará com um preço maior”.
Johan Companjen, presidente de Portas Abertas Internacional, também comenta: “Queremos construir nossa herança sólida, revigorar o compromisso de actuais parceiros de ministério e despertar um desejo apaixonado em todos os grupos de idade para alcançar e ajudar os cristãos nas mais difíceis regiões do mundo. Precisamos nos comunicar de uma maneira mais eficiente com os jovens, já que eles são os futuros líderes do ministério. A perseguição faz parte da fé cristã, queiramos ou não. E ela crescerá a medida em que se aproxima a segunda vinda de Cristo”.
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Missão Portas Abertas
Saiba como Portas Abertas serve
os cristãos perseguidos ao redor do mundo
Portas Abertas é um com características próprias dirigido à Igreja Perseguida, o único com mais de trezentas organizações associadas no mundo todo desenvolvendo projectos significativos nas linhas de frente em cerca de 50 nações.
Desde 1955, Portas Abertas realiza programas completos e de grande influência em muitos dos países onde os cristãos sofrem por sua fé em Jesus Cristo.
Aqui estão alguns exemplos do que sua parceria connosco irá realizar nos próximos meses...
No Mundo Muçulmano, suas ofertas estão possibilitando Portas Abertas a:
* Distribuir pessoalmente cerca de 280.000 Bíblias e materiais cristãos.
* Treinar individualmente cerca de 38.000 pastores e líderes cristãos.
* Ajudar jovens cristãos a frequentar escola bíblica.
* Ensinar os cristãos a ler e a estudar a Bíblia.
* Dar colecções de livros de estudo para pastores.
Em África, você ajuda Portas Abertas a:
* Distribuir pessoalmente perto de 100.000 Bíblias e materiais cristãos.
* Treinar individualmente cerca de 3.600 pastores e líderes cristãos.
* Levar a Palavra de Deus a países em guerra.
* Encorajar professores de Escolas Dominicais a inspirar uma nova geração.
* Mostrar aos cristãos como testemunhar a seus vizinhos muçulmanos.
Na América Latina, com a sua ajuda, Portas Abertas pode:
* Distribuir pessoalmente perto de 320.000 Bíblias e materiais cristãos.
* Treinar individualmente perto de 6.500 pastores e líderes cristãos.
* Dar apoio material e amor a viúvas e órfãos.
* Visitar os cristãos presos injustamente.
* Encorajar os líderes de igrejas que estão sendo atacados.
O seu apoio à Ásia através de Portas Abertas inclui:
* Distribuir pessoalmente perto de 2,3 milhões de Bíblias e materiais cristãos.
* Treinar individualmente perto de 20.000 pastores e líderes cristãos.
* Dar estudos bíblicos a pastores e Bíblias ilustradas para crianças.
* Treinar líderes das igrejas domésticas que estão sob intensa perseguição.
* Entregar hinários para colocar uma canção nos corações dos cristãos.
Portas Abertas não é uma missão típica
Apoiamos comunidades cristãs perseguidas
Não evangelizamos, mas equipamos os cristãos para que resistam e assim tenham condições para evangelizar.
Não enviamos missionários
Mas, nos preocupamos com missionários e sobretudo com as igrejas locais em lugares onde há perseguição, pois estas não têm condições de deixar o país quando a pressão aumenta.
Nossa filosofia é jamais actuar por conta própria
Nossos projectos nem começam se não há contactos consistentes com a igreja local. Actuamos em parcerias com outras missões e agências em muitos casos.
Critérios de actuação
Não actuamos em todos os 90 países em que há perseguição. Nós operamos directamente em cerca de 50.
Nossos critérios são:
• Igreja local pode extinguir-se caso não haja ajuda externa.
• Não há outra agência missionária operando no país.
• Não há outra forma de obter Bíblias se não for pelo contrabando.
• Possibilidade logística.
• Posição estratégica do país.
• Solicitação dos irmãos do local.
Ao chegar em um país, Portas Abertas procura os pastores e diz: "Aqui estamos.
O que podemos fazer para ajudá-los?"
Não chega com uma receita do que os pastores devem fazer, mas ouve deles o que querem que a Missão faça.
Em 95% dos casos, os pastores dizem: "Por favor, orem".
Muitas vezes começam a chorar e dizer: "Estamos lutando e perdendo a batalha, porque achamos que ninguém está orando a nosso favor".
O segundo pedido sempre é por Bíblias, materiais de estudo e treinamento.
Coisas que precisam em seu ambiente particular para poderem enfrentar o desafio e resistir às ameaças e à pressão.
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Prisioneiros
Prisioneiros
“Portanto, não se envergonhe de testemunhar do Senhor, nem de mim, que sou prisioneiro dele, mas suporte comigo os meus sofrimentos pelo evangelho, segundo o poder de .”
2 Timóteo 1.8
Nesta página encontra-se o nome de oficialmente por causa de sua fé e testemunho cristãos, e uma breve descrição de seu caso . Eles estão agrupados de acordo com o país onde estão detidos. A data entre parênteses corresponde ao ano de seu nascimento.
Utilize esses nomes apenas para suas orações. Se quiser mandar uma carta, escreva apenas para aqueles que têm campanhas de cartas associadas.
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A lista de prisioneiros será atualizada uma vez por mês, e todas as informações obtidas a respeito dos prisioneiros serão colocadas aqui. Dados que não estiverem aqui se encontram fora de nosso alcance.
Argélia
Azerbaidjão
China
Colômbia
Comores
Coreia do Norte
Cuba
Egito
Eritreia
Iêmen
Índia
Indonésia
Irã
Iraque
Laos
México
Nigéria
Paquistão
Peru
Turcomenistão
Uzbequistão
Vietnã
Faça parte desta realidade...
Não seja apenas um, mas sim, mais um verdadeiro cristão ( viver a vida de Cristo )
DVA...
Alexandra
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Vamos Orar
Pelos cristãos perseguidos - maio de 2009
"Dá-me sabedoria e conhecimento, para que eu possa liderar esta nação, pois quem pode governar este teu grande povo?"
2 Crônicas 1.10
Hoje - Dia 29 de Maio
Ano passado, ocorreu uma campanha da mídia para atacar a Igreja na Argélia, mas alguns jornalistas corajosos se posicionaram a favor dela. Ore por eles.
Brasil - Ore pelos cristãos brasileiros
Dia 30 de Maio
Interceda pela irmã Miriam Guerrero.
Há muito tempo está desempregada e com isso vieram os problemas financeiros. Ela cuida da avó e da mãe que já são idosas e dos dois filhos adolescentes.
Ore para que Deus a fortaleça e para que ela consiga um emprego e tenha suas necessidades supridas.
Dia 31 de Maio
- Corresponde Local da Missão Portas Abertas, Rogério Luiz precisa de oração por sua esposa, Sheila. Ela está com cálculo na vesícula e talvez tenha de retirar o baço por um problema que se arrasta há muito tempo.
Além disso, seu filho Samuel está com suspeita de ter problema no fígado.
Ore também para que ele consiga superar os problemas financeiros pelos quais está passando.
quinta-feira, 28 de maio de 2009
William Franklin Graham
07.11.1918
tradução: joão cruzué
“Meu objetivo de vida é ajudar as pessoas a encontrar uma relação pessoal com Deus, que creio, vir pelo conhecimento de Cristo." - Billy Graham.
O evangelista Billy Graham aceitou literalmente a Cristo quando Ele disse em Marcos 16:15, ide vós por todo o mundo pregar o Evangelho a toda criatura. O Pr. Graham pregou o Evangelho a mais pessoas em reuniões públicas que qualquer outro na história – cerca 210 milhões de pessoas em mais de 185 países e territórios, incluindo Missões Mundial e Global. Centenas de outros milhões mais foram alcançados pelos seus programas de televisão, vídeos, filmes, e internet.
Desde a cruzada de 1949, em Los Angeles, quando chamou a atenção das pessoas, Billy Graham levou centenas de milhares de indivíduos a tomar decisões pessoais de viver para Cristo - que é a força do seu ministério. Nascido em 07 de Novembro de 1918 em Charlotte na Carolina Norte a quatro dias do Armistício que terminou com a Primeira Guerra Mundial, Billy Graham criou-se em um sítio de gado leiteiro. Cresceu durante a grande depressão dos anos 30, por isso aprendeu o valor do trabalho duro na fazenda da família, mas lá, ele também encontrou tempo para passar muitas horas no celeiro lendo muitos livros assuntos variados.
No outono de 1934, com 16 anos de idade, Billy Graham fez um compromisso pessoal com Cristo pelo ministério de Mordecai Ham, um evangelista itinerante, que visitou Charlotte para uma série de reuniões de avivamento.
Foi Ordenado em 1939 por uma igreja da Convenção Batista do Sul, e recebeu uma formação sólida na Sagradas Escritura pelo Instituto Bíblico da Flórida ( Colégio Trinity da Flórida). Em 1943 ele se graduou na Faculdade Wheaton de Illinois e casou-se com sua colega de escola, Ruth McCue Bell, filha de um cirurgião missionário que tinha passado os 17 primeiros anos de sua vida na China.
Planejada durante três semanas, a cruzada de Los Angeles em 1949 lançou Billy Graham à proeminência internacional. Suas reuniões transcorreram ao longo de oito semanas, com multidões superlotando, toda noite, uma tenda erguida no centro da cidade . Suas cruzadas subseqüentes foram do mesmo modo extensas - a de Londres que durou 12 semanas e a de Nova York, no Madison Square Garden, em 1957, que aconteceu à noite durante 16 semanas consecutivas.
Hoje com 87 anos de idade, Billy Graham e seu ministério são conhecidos em todo globo. Ele pregou sermões em remotas aldeias africanas e também no coração da Cidade de Nova York; para chefes de estado em todo mundo, mas também a bosquímanos africanos , aborígenes da austrália e para tribos nômades da África e do Oriente Médio.
A partir de 1977, ao Pr. Graham foi concedido a oportunidade de conduzir missões evangelísticas em praticamente cada país da antiga aliança política oriental, inclusive à União Soviética. Fundou em 1950 a Associação de Evangelistica Billy Graham (BGEA) para conduzir seu ministério mundial que teve sede em Minneapolis no estado de Minnesota até 2003, quando quando se transferiu Charlotte, na Carolina Norte - sua terra natal.
Escreveu 25 livros muitos dos quais "Top Sellers". Seu Livro de memórias, "Do jeito que eu sou" publicado em 1997, conseguiu o prêmio da "tríplice coroa" ao aparecer simultaneamente em três listas de livros mais vendidos por uma semana. Nele o Pr. Graham faz reflexões sobre sua vida incluindo os mais de 60 anos de ministério ao redor do mundo. De um começo humilde como filho de produtor de leite da Carolina Norte, ele compartilha como sua inabalável fé em Cristo formou e talhou seu ministério.
O conselho do Pr. Graham foi requisitado por presidentes; seus apelos tanto nas areas seculares como religiosas é evidenciado pela larga variedade de grupos que o honraram, inclusive pelos numerosos títulos de doutor "Honoris Causa" de muitas instituições dos Estados Unidos e do exterior. Os reconhecimentos incluem Prêmio da Fundação Presidencial Ronald Reagan para a Liberdade(2000) para contribuições à causa da liberdade; a Medalha de Ouro Congressional (1996); o Prêmio da Fundação Templeton para o Progresso da Religião (1982); o Prêmio de Grande Irmão pelo seu trabalho em nome da prosperidade das crianças (1966). Em 1964 ele recebeu o Prêmio de "Locutor do Ano" foi citado pelo Instituto George Washington Carver Memorial pelas suas contribuições ao relacionamento inter-racial.
Também foi reconhecido pela Liga de anti-difamação B'nai B'rith em 1969 e pela Conferência Nacional de Cristãos e Judeus em 1971 pelos seus esforços em criar uma melhor compreensão entre todas as crenças. Em Dezembro de 2001 o Pr. Graham foi presenteado com a fidalguia honorária, de Comandante Honorário dos Cavaleiros da Ordem do Império Britânico (KBE) pela sua contribuição internacional para a vida cívica e religiosa por mais de 60 anos. Além de muitas outras honrarias.
Billy Graham é regularmente citado pelas Organizações Gallup com um dos 10 homens mais admirados do mundo, descrito com uma figura dominante com uma presença sem paralelo por 48 vezes, sendo 41 delas consecutivas.
Ele e sua esposa Ruth têm cinco filhos - três mulheres: Virginia, Anne Morrow e Ruth Bell; dois homens: William Franklin, III e Nelson Edman; 19 netos e muitos bisnetos. Atualmente mora nas montanhas do oeste da Carolina do Norte, USA.
Testemunhos
George W Bush - "Há somente uma razão por que estou aqui no Gabinete Oval, e não em um bar. Encontrei a fé, encontrei a Deus. Estou aqui pelo poder da oração" Bush disse publicamente que deixou de consumir álcool sem a ajuda dos Alcoólicos Anônimos , nem de nenhum programa contra o uso indevido de substâncias proibidas, e afirmou que deixou o hábito para sempre, com a ajuda de meios espirituais, como o estudo da Bíblia e aconselhamento com o evangelista Billy Graham." Dr. Justin A. Frank - "Bush no Divã".
Conta-se que Marilyn Moroe foi visitada por Billy Graham durante a apresentação de um show. Ele, um pregador do evangelho na época havia sido mandado pelo Espírito Santo àquele lugar para pregar à Marilyn. Ela, porém, depois de ouvir a mensagem do evangelho disse: "Não preciso do seu Jesus." Uma semana depois foi encontrada morta em seu apartamento.
Watchman Nee
Watchman Nee
O sorriso do Chinês
Pastor Watchman Nee - (1903-1972)
tradução: João Cruzué
Nee To-sheng ou Watchman Nee, o grande lider cristão chinês, nasceu numa província do Sul da China. Em sua juventude, provou ser um indivíduo dotado de grande inteligência e um futuro promissor. Ele foi consistentemente o melhor melhor aluno da Faculdade Trinity, adqüirindo excelente histórico acadêmico. Nee, naturalmente, tinha grandes sonhos e planos para uma carreira cheia de realizações.
Em 1920, aos 17 anos de idade, conheceu o evangelho e depois de algumas lutas internas aceitou Jesus como seu Salvador e Senhor; ao tomar essa decisão deixou a carreira universitária. Desde então, seu ministério passou a ser conhecido como um dos mais espirituais e significativos do século 20. Seu nome anterior era Nee Shu-tsu. Após sua conversão mudou seu nome para Nee To-sheng, devido a um costume local, segundo o qual, se algum fato mudasse a vida de uma pessoa, ela mudaria de nome. No caso de Nee, foi sua conversão ao cristianismo.
Já no início de sua vida cristã começou a escrever. Seu ministério de aproximadamente 30 anos foi uma bênção de Deus para a Igreja chinesa, e seus livros ainda serão por muito tempo um manancial de espiritualidade e inspiração para cristãos em todo mundo, em todas as épocas. Sua obra teve um profundo impacto sobre a divulgação do evangelho e o estabelecimento de centenas de igrejas locais através da Ásia. Por causa da sua fé em Cristo, Nee foi preso em 1952 pelo regime comunista de Mao Tse-tung, permanecendo seus últimos 20 anos de vida na prisão.
No início ele era um cristão metodista, depois, começou ele mesmo a restauração da Igreja nos moldes da Igreja Primitiva, segundo estava nas escrituras. Ele era ferrenho opositor da fragmentação do corpo de Cristo pela criação indiscriminada de denominações e divisões da Igreja. Sua Igreja em Xangai cresceu e chegou a ter 3.000 membros. Orando, decidiu dividi-la em 15 grupos, chamados de "pequenos rebanhos". Cada pequeno rebanho (grupo familiar) chegava a ter 200 membros. No início dos anos 40, a Igreja de Nee já possuia perto de 500 "pequenos rebanhos". Em 1941, Xangai foi invadida pelo exército japonês e a Igreja começou a passar por necessidades financeiras. Ele e seu irmão montaram um empresa farmacêutica para complementar os recursos para as necessidades da Igreja . Daí pode-se perceber que o sistema de grupos familiares, desenvolvido mais tarde na Igreja sul coreana pelo Pastor Paul Yonggi Cho foi influências do trabalho de Nee.
Em 1949, o Partido Comunista da China derrubou o governo nacionalista e instituiu a Republica Popular da China. A princípio, os comunistas insinuaram um apoio aos líderes cristãos locais, enquanto expulsava os missionários "imperialistas". Dois anos mais tarde, Mao Tse-tung mostrou sua verdadeira intenção - a de controlar as Igrejas. Durante esse tempo, os pequenos rebanhos resistiam a ordem comunista de que todos deveriam ser filiados a Igreja Cristã Nacional, uma organização fantoche. Milhares de membros da Igreja de Nee foram mortos ou colocados em prisões. Havia informantes comunistas se infiltrados entre os grupos.
Os pastores eram rotulados de lacaios dos imperialistas estrangeiros e Nee foi acusado de liderar um grande sistema secreto que envenenava as pessoas com palavras reacionárias. Em 1952 ele foi preso. Antes disso, ajudou a criar várias Igrejas subterrâneas. Em 1956,foi julgado e sentenciado à prisão por 15 anos. Em 1967, ele deveria ser solto, mas com a seguinte condição: de nunca mais voltar a pregar o evangelho. Nee não concordou. Ele foi transferido para outra prisão onde morreu cinco anos mais tarde. Ele preparou a Igreja da China para sobreviver sob a "cortina de bambu" e ela Sobreviveu. Mao se foi, mas Jesus continua na China salvando, batizando e derramando o Espírito Santo. Veja isto nas fotos tiradas mais recentemente: fotos da igreja da china.
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Sábado, Agosto 25, 2007
Watchman Nee
O sorriso do Chinês
Pastor Watchman Nee - (1903-1972)
tradução: João Cruzué
Nee To-sheng ou Watchman Nee, o grande lider cristão chinês, nasceu numa província do Sul da China. Em sua juventude, provou ser um indivíduo dotado de grande inteligência e um futuro promissor. Ele foi consistentemente o melhor melhor aluno da Faculdade Trinity, adqüirindo excelente histórico acadêmico. Nee, naturalmente, tinha grandes sonhos e planos para uma carreira cheia de realizações.
Em 1920, aos 17 anos de idade, conheceu o evangelho e depois de algumas lutas internas aceitou Jesus como seu Salvador e Senhor; ao tomar essa decisão deixou a carreira universitária. Desde então, seu ministério passou a ser conhecido como um dos mais espirituais e significativos do século 20. Seu nome anterior era Nee Shu-tsu. Após sua conversão mudou seu nome para Nee To-sheng, devido a um costume local, segundo o qual, se algum fato mudasse a vida de uma pessoa, ela mudaria de nome. No caso de Nee, foi sua conversão ao cristianismo.
Já no início de sua vida cristã começou a escrever. Seu ministério de aproximadamente 30 anos foi uma bênção de Deus para a Igreja chinesa, e seus livros ainda serão por muito tempo um manancial de espiritualidade e inspiração para cristãos em todo mundo, em todas as épocas. Sua obra teve um profundo impacto sobre a divulgação do evangelho e o estabelecimento de centenas de igrejas locais através da Ásia. Por causa da sua fé em Cristo, Nee foi preso em 1952 pelo regime comunista de Mao Tse-tung, permanecendo seus últimos 20 anos de vida na prisão.
No início ele era um cristão metodista, depois, começou ele mesmo a restauração da Igreja nos moldes da Igreja Primitiva, segundo estava nas escrituras. Ele era ferrenho opositor da fragmentação do corpo de Cristo pela criação indiscriminada de denominações e divisões da Igreja. Sua Igreja em Xangai cresceu e chegou a ter 3.000 membros. Orando, decidiu dividi-la em 15 grupos, chamados de "pequenos rebanhos". Cada pequeno rebanho (grupo familiar) chegava a ter 200 membros. No início dos anos 40, a Igreja de Nee já possuia perto de 500 "pequenos rebanhos". Em 1941, Xangai foi invadida pelo exército japonês e a Igreja começou a passar por necessidades financeiras. Ele e seu irmão montaram um empresa farmacêutica para complementar os recursos para as necessidades da Igreja . Daí pode-se perceber que o sistema de grupos familiares, desenvolvido mais tarde na Igreja sul coreana pelo Pastor Paul Yonggi Cho foi influências do trabalho de Nee.
Em 1949, o Partido Comunista da China derrubou o governo nacionalista e instituiu a Republica Popular da China. A princípio, os comunistas insinuaram um apoio aos líderes cristãos locais, enquanto expulsava os missionários "imperialistas". Dois anos mais tarde, Mao Tse-tung mostrou sua verdadeira intenção - a de controlar as Igrejas. Durante esse tempo, os pequenos rebanhos resistiam a ordem comunista de que todos deveriam ser filiados a Igreja Cristã Nacional, uma organização fantoche. Milhares de membros da Igreja de Nee foram mortos ou colocados em prisões. Havia informantes comunistas se infiltrados entre os grupos.
Os pastores eram rotulados de lacaios dos imperialistas estrangeiros e Nee foi acusado de liderar um grande sistema secreto que envenenava as pessoas com palavras reacionárias. Em 1952 ele foi preso. Antes disso, ajudou a criar várias Igrejas subterrâneas. Em 1956,foi julgado e sentenciado à prisão por 15 anos. Em 1967, ele deveria ser solto, mas com a seguinte condição: de nunca mais voltar a pregar o evangelho. Nee não concordou. Ele foi transferido para outra prisão onde morreu cinco anos mais tarde. Ele preparou a Igreja da China para sobreviver sob a "cortina de bambu" e ela Sobreviveu. Mao se foi, mas Jesus continua na China salvando, batizando e derramando o Espírito Santo. Veja isto nas fotos tiradas mais recentemente: fotos da igreja da china.
A conversão de Watchman Nee
e o início do seu ministério.
"Meu nascimento foi em resposta de uma oração. Minha mãe tinha muito medo de que sucedesse a ela o mesmo que acontecera a sua cunhada que tivera seis filhas, o que segundo os costumes chineses era ruim, pois meninos eram os mais desejados. Mamãe já tivera duas meninas, e embora não entendesse completamente o compromisso de uma oração, ela orou ao Senhor e disse: “Se o Senhor me der um filho, eu lho darei de volta de presente". E, o Senhor ouviu sua oração, e eu nasci. foi meu pai que mais tarde me dissera que antes do meu nascimento minha mãe tinha-me prometido ao Senhor".
Para muitas pessoas, a característica proeminente de ser salvo é o ato de ser liberto do pecado. Entretanto, para mim a questão era se eu aceitaria Jesus e me tornaria seu seguidor e um servo ao mesmo tempo. Eu Fiquei assustado porque se me tornasse um cristão então eu seria chamado para servir a Cristo, e isto iria custar muito caro para mim. Conseqüentemente, o conflito foi resolvido assim que eu percebi que minha salvação deveria ter os dois aspectos. Então, decidi aceitar Cristo como meu Salvador e servi-lo como meu Senhor. Isto foi em 1920, quando tinha 17 anos de idade.
"Na tarde de 29 de abril de 1920, eu estava sozinho em meu quarto lutando para decidir se deveria ou não crer em Cristo. Primeiro, eu estava relutante, mas assim que tentei orar, vi a magnitude dos meus pecados e a realidade, a eficácia de Jesus como Salvador. Assim que eu visualizei as mãos do Senhor estendidas sobre a cruz, elas pareciam me envolver e vi o Senhor dizer: Eu estava aqui esperando por você!
Observando efetivamente o sangue de Cristo limpando meus pecados e cobrindo me de tanto amor eu o aceitei ali mesmo em meu quarto. Anteriormente, eu havia rido das pessoas que aceitavam Jesus, mas naquela tarde, a experiência se tornou também real para mim, e eu chorei, e confessei meus pecados, procurando pelo perdão do Senhor. Assim que fiz minha primeira oração, eu conheci uma alegria e paz tais, que eu nunca tinha experimentado antes. Uma luz parecia fluir no quarto e eu disse ao Senhor: Jesus, o Senhor tem sido deveras misericordioso para comigo."
Depois que me tornei um salvo em Cristo, enquanto meus colegas traziam novelas para ler em classe, eu levava a Bíblia para estudar. Mais tarde, eu deixei a Faculdade para entrar em um Instituto Bíblico, sediado em Xangai criado pela irmã Dora Yu. No começo, por muitas vezes, ela muito educadamente tentou me expulsar do instituto com a explicação de que era inconveniente para mim ficar ali mais tempo. Na realidade era por causa de meu exigente apetite, roupas diletantes e costume de me levantar muito tarde pelas manhãs. Ela queria me mandar embora. Meu desejo de servir a Deus tinha levado um sério revés.
Embora eu pensasse que minha vida tinha sido transformada, de fato permaneciam muitas e muitas coisas que precisavam ser mudadas. Percebendo que eu ainda não estava pronto para o serviço do Senhor, decidi voltar a escola secular. Meus colegas de classe reconheceram que algumas coisas tinha alterado em minha vida mas que existiam muitas outras que ainda permaneciam em meu velho temperamento . Por isso, meu testemunho na escola não era muito poderoso, e quando pela primeira vez dei meu testemunho para o irmão Weigh, ele não me deu atenção.
Seguindo minha nova natureza de salvo já havia muitas mudanças e todo um planejamento de mais de dez anos se tornou sem significado e minhas ambições de uma brilhante carreira já estavam sendo descartadas. A partir daquele dia com uma inegável certeza do chamado de Deus, eu sabia qual deveria ser carreira da minha vida. Eu entendi que o Senhor tinha me escolhido para si, para minha própria salvação e para sua glória. Ele tinha me chamado para servi-lo e para ser seu amigo-operário.
Antes eu desprezava pregadores e pregações porque naqueles dias eles eram assalariados dos missionários americanos ou europeus, e por este serviço ganhavam deles míseros oito ou nove dólares de prata por mês. Eu nunca imaginaria, nem por um momento, que me tornaria um pregador, uma profissão a qual eu considerava tão insignificante.
Depois de me tornar um cristão, tive espontaneamente um desejo de levar outras pessoas para Cristo, mas depois de um ano de testemunho e testemunhando para meus colegas de escola secular, não havia nenhum resultado visível. Eu pensava que mais palavras e mais razões seriam eficientes, mas meu testemunho parecia não ter um efeito poderoso sobre as pessoas.
Tempos mais tarde, encontrei uma missionária da Região Oeste, a irmã Grose, que me perguntou quantas pessoas tinham sido salvas através de mim naquele primeiro ano. Eu abaixei minha cabeça e vergonhosamente confessei que a despeito de minhas tentativas de pregar o evangelho para meus colegas, nenhum deles tinha se convertido.
Então, ela me disse francamente que deveria existir alguma coisa errada impedindo minha comunicação com o Senhor. Talvez fosse um pecado escondido, dívidas ou algum outro impedimento. Admiti que tais coisas existiam e ela me arguiu se estava disposto resolvê-las, imediatamente. Concordei. A seguir me perguntou como dava meu testemunho e eu lhe disse que escolhia as pessoas ao acaso e lhes falava a respeito do Senhor, se elas mostrassem algum interesse. Ao que a missionária me ensinou que eu deveria fazer uma lista e orasse por meus amigos primeiro, enquanto aguardasse pela oportunidade de Deus para testemunhar para eles.
Imediatamente, comecei a colocar minha vida em ordem para eliminar os problemas que impediam minha comunhão com o Senhor. Ao mesmo tempo, fiz uma lista com o nome de setenta amigos com o propósito de orar por eles diariamente. Alguns dias eu orava a cada hora, até na sala de aula. Quando as oportunidades vieram eu tentava persuadi-los a crer no Senhor Jesus. Meus colegas freqüentemente diziam jocosamente, lá vem o Sr. pregador, vamos ouvir sua pregação... Embora de fato, eles não tivessem a mínima intenção de ouvir.
Eu contei, depois, meu fracasso a irmã Grose e ela me persuadiu a continuar orando até que algum deles fosse salvo. E, com a graça do Senhor continuei orando diariamente, e depois de vários meses, todas, com exceção de uma, das setenta pessoas daquela lista foram salvas
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Duas frases de Watchman Nee:
"A menos que sejamos tratados e quebrantados por meio da disciplina, estaremos restringindo o poder de Deus. Sem o quebrantamento do homem exterior, a igreja não pode ser um canal de Deus".
E, em sua última carta, escrita no dia de sua morte: " Apesar da minha doença, ainda continuo cheio de alegria em meu coração" http://www.watchmannee.org/
Ultima nota: Nee tinha um espinho na carne controlado pela graça de Deus. Desde 1924, ele era tuberculoso. Sobre esse assunto, estive olhando o material e pude ver que a luta de Nee em oração contra essa doença é de uma inspiração e edificação maravilhosas. Ele dependia do Senhor, todo dia, para viver por causa da doença. Viveu com ela 48 anos. Deve demandar umas duas semanas de tradução. Orem por mim, pois gostaria de compartilhar essa bênção com meus leitores.
Comentários: quando olho para as fotos deste chinês, meus olhos ficam molhados. Para ser cristão na China, naquela época, tinha que desprezar a própria vida. Ele sabia o preço e não negociava. Quando quiseram libertá-lo, em 1968, com a condição de nunca mais pregar o nome de Jesus, ele não aceitou e assim o mantiveram no cárcere até à morte. Quando for da próxima vez a uma livraria cristã, não perca tempo. Watchman Nee escreveu sobre aquilo que vivenciava.
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Graça não é nem a negação do pecado nem a negação da culpa
Fonte: Editora Ultimato
Graça é a palavra mais importante do vocabulário teológico. Cristianismo desprovido de graça não existe. Só no Novo Testamento, a palavra graça aparece 155 vezes. Quem mais desenvolve a teologia da graça é o apóstolo Paulo, que em suas Epístolas menciona o vocábulo pouco mais de cem vezes, especialmente quando se dirige aos coríntios.
Antes de ser teólogo e pregador da graça por excelência, Paulo é um dos mais notáveis pecadores alcançados por ela. Em sua conduta anterior, quando ainda se chamava Saulo, esse judeu era um feroz perseguidor dos cristãos, homens e mulheres, tanto em Jerusalém como no exterior. Ele localizava, perseguia, castigava, algemava, torturava e levava os cristãos para serem encarcerados em Jerusalém. E ainda dava seu aval quando eles eram mortos, como no caso de Estêvão, o primeiro mártir da igreja primitiva (At 9.21; 22.3-5; 26.9-11). Sem a graça, Paulo estava distanciado de Deus e condenado para sempre. Apesar de ser blasfemo, perseguidor e arrogante, “nosso Senhor derramou a “sua imensa graça” sobre mim e me deu a fé e o amor que temos por estarmos unidos com Cristo” (1Tm 1.14, NTLH). A mais conhecida declaração sobre a riqueza da surpreendente e maravilhosa graça é da lavra de Paulo: “Pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós, é dom de Deus” (Ef 2.8).
A graça não é algo complicado. Não demanda especulações filosóficas nem teológicas -- é o favor imerecido da parte de Deus em benefício do pecador culpado e nada mais. Não é nem a negação do pecado nem a negação da culpa, mas a remoção de um e de outro, graças ao extremo amor de Deus. O favor realizado não é em função de algum merecimento ou obra positiva por parte do receptor. Ele é sempre imerecido aos olhos de Deus, o credor, e aos olhos do pecador, o devedor. O que produz a salvação definitivamente não é qualquer realização moral ou ato religioso da parte dos devedores. É a graça de Deus, e nada mais, que “se manifestou salvadora a todos os homens” (Tt 2.11).
Onde o pecado aumenta por causa da clareza e da força da lei, por causa do volume, da gravidade e da frequência das transgressões, “a graça de Deus aumenta muito mais” (Rm 5.20, NTLH). A abundância do pecado provoca a superabundância da graça. É o caso daquelas três mulheres sem nome (a samaritana, a pecadora e a adúltera) envolvidas em escândalos ligados ao comportamento sexual (Jo 4.1-30; Lc 7.36-50; Jo 8.1-11). É o caso daquele criminoso condenado à pena máxima por seus crimes e que, momentos antes de morrer, arrepende-se de seus pecados e obtém a promessa da vida eterna (Lc 23.39-43). É o caso do mavioso salmista de Israel que se descuidou e veio a se enchafurdar na lama do pecado, de onde foi graciosamente içado (Sl 40.2).
O salvo nada mais é do que “um inimigo que Deus escolhe, um condenado que ele agracia”, nas palavras do jesuíta Jacques Guillet.
27 de maio de 2009
Radiografia da dor
As águas subiram até o meu pescoço. (Sl 69.1.)
Qualquer pedido de socorro dirigido a Deus deve ser acompanhado de uma minuciosa exposição do perigo em que a pessoa está. O alívio pode começar na elaboração de uma lista, pois o sofredor é obrigado a trazer de dentro para fora tudo o que o amofina.
Quase todos os salmos são assim. No Salmo 69, por exemplo, o poeta apresenta uma perfeita radiografia da dor: “As águas subiram até o meu pescoço” (v. 1); “Nas profundezas lamacentas eu me afundo” e “As correntezas me arrastam” (v. 2); “Cansei-me de pedir socorro” (v. 3); “Os que sem razão me odeiam são mais do que os fios de cabelo da minha cabeça” (v. 4); “Sou objeto de chacota” (v. 11);“Estou em perigo” (v. 17); “Estou em desespero” e “Ninguém me socorre, ninguém me consola” (v. 20); “Grande é a minha aflição e a minha dor” (v. 29).
É preciso gastar mais tempo com esse exercício de memória do que com a súplica propriamente dita. É preciso vasculhar todos os escaninhos do coração para achar a dor e trazê-la para o lado de fora. Essa investigação interna facilita a oração e torna-a precisa. No caso do salmo citado, o poeta faz as seguintes súplicas: “Salva-me ó Deus” (v. 1); “Tira-me do atoleiro”, “Não me deixes afundar” e “Liberta-me dos que me odeiam e das águas profundas” (v. 14); “Responde-me depressa” (v. 17); “Aproxima-te e resgata-me” (v. 18).
A oração que faz bem à alma tem de ser a mais espontânea possível!
Retirado de Refeições Diárias com o Sabor dos Salmos (Editora Ultimato, 2006).
Lembretes para o cotidiano
Taís Machado
“Ergam os olhos e olhem para as alturas. Quem criou tudo isso? Aquele que põe em marcha cada estrela do seu exército celestial, e a todas chama pelo nome. Tão grande é o seu poder e tão imensa a sua força, que nenhuma delas deixa de comparecer!”
(Is 40.25-26)
Deus nos convoca para algo que, com freqüência, cai no esquecimento: “Ergam os olhos e olhem”. O que temos visto? Dependendo de onde moramos, podemos dizer que só vemos poluição, trânsito congestionado, violência e injustiça.
Olhar como resposta a um convite divino pode nos dar perspectivas mais sensíveis e se desdobrar em relações e posturas diferenciadas. Mesmo quando ao redor há destruição, prova de nosso descuido, conseqüência de nosso egoísmo, podemos melhor nos conscientizar sobre as mortes que o pecado gera. Podemos nos voltar a Deus humildemente, saboreando sua graça, a redenção em Jesus, e nos inspirar a criar com espontaneidade, com formosura e com a alegria de quem tudo começou -- o Criador.
Nem sempre separamos tempo para contemplar a criação, para nos tornar verdadeiros adoradores. E, quando não adoramos o Criador, acabamos por adorar falsos ídolos.
Eugene Peterson, em seu livro “A Maldição do Cristo Genérico”, nos alerta: “Nada nessa criação existe meramente para ser estudado, analisado, entendido; cada elemento, a ‘obra’ de cada dia, existe, antes de tudo, para ser recebida como uma ‘nota’ integrante e coerente dos ritmos totalmente abrangentes do oratório da criação, na qual respiramos o mesmo ar que Deus soprou sobre o abismo; e, do mais profundo de nossos pulmões -- nossa vida --, cantamos e dançamos para a glória de Deus”.
Parece que nos tornamos mais técnicos que celebrantes. Acumulamos informações, discutimos acadêmica ou teologicamente, mas talvez o comentário de Jesus para nós não seria diferente daquele dirigido aos samaritanos: “Vocês adoram o que não conhecem” (Jo 4.22). Em nosso dia-a-dia, vivemos como seres fragmentados, continuamos a pregar Jesus na cruz (com os pregos da nossa ignorância), sem desfrutarmos do significado de sua morte e ressurreição -- uma vida nova, livre e abundante, cuja inteireza cativa outros. Como diz Franky Schaeffer, em “Viciados em Mediocridade”: “Na maior parte do tempo os cristãos vivem na tensão entre suas atividades espirituais e o resto da sua vida. Entretanto, o cristianismo deveria ser uma experiência libertadora que abre nosso entendimento para apreciar mais do mundo de Deus. Somos aqueles que foram libertos para ver o mundo como realmente é, desfrutando e nos divertindo com a diversidade e a beleza da criação”.
A campanha do vencedor das eleições americanas, Barack Obama, teve como “slogan” principal: “Sim, nós podemos”. Será que podemos viver um ano novo no novo ano? Podemos, efetivamente, fazer diferente? Toda boa mudança, toda diferença geradora de vida só pode ser realizada a partir de Deus. Ele nos muda, para que possamos agir de maneira diferente. Tudo vem do Pai das luzes (Tg 1.17). Nele podemos viver um dia de cada vez, com reverência à vida.
Se Deus é pessoal até com as estrelas, que ele chama pelo nome, quanto mais conosco! Saibamos, pois, ouvir sua voz, que é cheia de majestade, faz dar cria às corças e desnuda os bosques (Sl 29.4, 9). Que o Espírito de Deus nos ajude a parar, contemplar, adorar e proclamar as maravilhas do Criador, cuidando da criação, cultivando espaços de silêncio e reflexão.
Um avivamento faz coisas surpreendentes
Nesta matéria:
Um avivamento faz coisas surpreendentes
Em matéria de avivamento consulte Jonathan Edwards
Calor sem luz e luz sem calor
O joio nos campos onde o trigo do avivamento é semeado
O avivamento-mor
Avivamento em seminários
Avivamento em searas católicas
Avivamento que não gera empolgação por Jesus não é autêntico
Em poucas palavras, avivamento é o sopro de Deus para tirar a poeira acumulada no decurso dos anos, no período variável de tempo compreendido entre o avivamento anterior e o momento atual. Não importa a quantidade nem a qualidade da poeira. É uma obra de Deus, periódica e poderosa, que ele realiza quando e onde quer. Essa manifestação surpreendente de Deus recoloca a igreja em seu primeiro amor, produz convicção e confissão de pecado, desejo sério de santificação pessoal, renovação das certezas da fé e do entusiasmo que elas criam, renúncia da soberba e da autossuficiência, anseio por Deus e prazer de ler com proveito a Palavra e de orar ao Senhor. O avivamento leva a igreja a redescobrir a pessoa e a obra do Espírito Santo, sem o qual nunca será possível vencer a pecaminosidade latente, a pressão do mundo e a força das potestades do ar.
Mesmo podendo ter um teor místico acentuado, avivamento é bem mais do que isso. É o motor de coisas novas, de realizações extraordinárias e de certa duração, na área de devoção, de educação religiosa, de evangelização e missões, e de socorro ao sofrimento humano. Forçosamente, o avivamento gera preocupação com os não-alcançados pela pregação do evangelho, os não-salvos pela graça de Deus e os moralmente marginalizados (os publicanos e as meretrizes de antigamente). A história mostra que esse sopro especial do Espírito induz os crentes a fazerem obras de caridade e a levantarem a voz contra a injustiça social, seja ela qual for e custe o preço que custar.
Problemas sérios como a escravidão, o alcoolismo, a delinquência juvenil e a licenciosidade levaram as igrejas a organizar sociedades dispostas a trabalhar com esses segmentos. As pregações de Charles Finney, líder mor do Segundo Grande Avivamento, têm muito a ver com os fortes sentimentos antiescravistas que tomaram conta dos crentes do norte e do centro-oeste dos Estados Unidos. Os textos escritos por Theodore Weld (“A Bíblia contra a Escravidão” e “A Escravidão como Ela É”) e o famoso livro de Harriet Beecher Stowe (“A Cabana do Pai Tomás”) são subprodutos do ministério de Finney.1
Graças ao Primeiro Grande Avivamento (1725-1760) e ao Segundo (meados do século seguinte), muitas escolas, universidades e seminários cristãos foram fundados nos Estados Unidos. Por volta de 1880, havia 142 seminários no país, quase todos no lado leste, sendo 26 presbiterianos, 22 batistas, 21 católicos, 17 episcopais, 16 luteranos, 14 metodistas, 11 congregacionais, 3 reformados, e 12 outros.2 Entre as universidades estão as de Princeton, Pensilvânia, Rutgers, Brown e Dartmouth. Por meio dessas instituições de ensino, o espírito de avivamento era transmitido a muitos jovens. Charles Dodge, um dos três teólogos mais famosos do século 19, por exemplo, converteu-se por ocasião de um avivamento na Universidade de Princeton (1815).
Como a ligação entre avivamento e missões é muito estreita, muitos jovens tornaram-se missionários. Em 70 anos de história (1812-1882), o Seminário de Princeton formou 3.464 rapazes em 150 cursos diferentes. Destes, 204 foram para os campos missionários, entre eles Ashbel Green Simonton, fundador da Igreja Presbiteriana do Brasil. Todos os primeiros missionários da Junta Americana de Comissionados para Missões Estrangeiras, fundada em 1810, são frutos do avivamento. Entre eles estão Hiran Binghan, missionário no Havaí; Adoniram Judson, missionário e tradutor da Bíblia na Birmânia (hoje Myanmar); Luther Rice, missionário na Índia; e Jonas King, missionário na Palestina e, depois, na Grécia. Pelo menos quarenta estudantes convertidos na Universidade de Rochester, no estado de Nova York, tornaram-se pastores e missionários. Entre as dezenas de sociedades missionárias surgidas como resultado do Segundo Grande Avivamento está a histórica Sociedade Bíblica Americana (1816). No avivamento ocorrido na Universidade de Yale, no Connecticut, em 1831, o jornalista Horace Bushnell (1802-1876) teve uma profunda experiência de conversão e, aos 29 anos, trocou o curso de direito pela teologia, tornando-se um pastor congregacional e teólogo notável.
O avivamento é um tempo propício para conversões. Segundo Bruce Shelley, em 3 anos (1740- 1742), o Primeiro Grande Avivamento acrescentou cerca de 50 mil membros só às igrejas da Nova Inglaterra. Entre 1750 e 1760 formaram-se 150 novas comunidades eclesiásticas, sem falar na contínua proliferação dos batistas.3 Williston Walker, da Universidade de Yale, acrescenta que, por intermédio dos reavivamentos, das organizações missionárias e das sociedades voluntárias, denominações outrora sem grande expressão vieram a se destacar. Os metodistas, de 15 mil membros em 1784, passaram a mais de 1 milhão em menos de 70 anos. Na primeira metade do século 19, os batistas aumentaram oito vezes. Só em Rochester, no estado de Nova York, 100 mil pessoas tornaram-se membros de alguma igreja.4 Naturalmente nem todas as conversões são autênticas e o número diminui com o tempo. Enquanto em alguns lugares o índice de permanência era de 80%, em outros baixava para 30%.
O avivamento faz coisas surpreendentes. Ele altera, sem previsão, o rumo de pessoas, igrejas e países! Mark A. Noll, professor de pensamento cristão em Wheaton, em seu livro “The Old Religion in a New World” (2002), escreve que “o reavivamento promovido por protestantes evangelicais não foi apenas a ação mais importante da vida religiosa americana, mas também, depois dos eventos que formaram a nova nação, o acontecimento público mais importante que qualquer outro”.5
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