sexta-feira, 5 de junho de 2009

O escorregão que não aconteceu


O escorregão que não aconteceu

Quanto a mim, os meus pés quase tropeçaram; por pouco não escorreguei. (Sl 73.2.)

Quem não tem inveja de uma pessoa sem limitações económicas, sem sofrimento, sem fardos muito pesados para carregar, sem doença alguma, sem um monte de leis e regras para observar, sem a necessidade de negar os seus mais extravagantes desejos, sem preocupação alguma, sem reveses financeiros e sem a obrigação de humilhar-se diante dos outros?

Foi de uma pessoa assim que o salmista teve inveja. O processo da inveja nasceu da observação de que essa pessoa era muito bem-sucedida enquanto ele, o salmista, não tinha o mesmo sucesso, embora fosse criterioso e abominasse a arrogância. A inveja foi crescendo e causando grandes estragos ao patrimônio do salmista. Chegou ao ponto de fazê-lo desanimar de sua retidão e de suas convicções religiosas. O salmista achou melhor se desconverter, jogar fora as amarras da fé, adotar outro estilo de vida, copiar o sucesso daquele de quem estava morrendo de inveja.

Felizmente o salmista foi primeiro ao templo para se despedir de Deus, e lá o Senhor lhe falou ao coração de modo compreensivo e convincente. Aquela pessoa que parecia não ter falta de nada não era tão feliz nem tão bem-sucedida como o salmista imaginava. Toda a sua riqueza se limitava ao curtíssimo período de vida que se estende do nascimento à morte. Ela não levaria nada, nem mesmo a roupa do corpo, para o outro lado da vida. A bagagem do salmista era bem maior e ele a levaria consigo para a eternidade. Então ele estendeu a mão para Deus e lhe disse: “[Na terra e nos céus] nada mais desejo além de estar junto a ti” (Sl 73.25)!

Retirado de Refeições Diárias com o Sabor dos Salmos (Editora Ultimato, 2006).

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