terça-feira, 2 de junho de 2009

BE: críticas passam do Governo para a Europa Bloquistas em manhã de luta com os trabalhadores do sector automóvel e do calçado


Não é todos os dias que, em plena campanha eleitoral, um partido da oposição faz um elogio ao Governo, ainda que camuflado. Esta terça-feira, Miguel Portas fê-lo em Cacia, depois de uma reunião com os trabalhadores da Renault.

«O plano de ajuda da UE devido à quebra de procura é insuficiente, porque se trata de uma mera articulação dos 27 e não de um plano europeu para o sector», começou o cabeça-de-lista, que deu o exemplo do apoio ao abate de automóveis, existente em Portugal, mas não em todos os países da Europa. Ou seja, para o BE, o problema não está na falta de medidas do Governo português, mas sim no facto destas não se aplicarem em todos os países da UE.

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A fábrica de Cacia, que só produz caixas de velocidades, está numa situação «mais delicada», porque apenas exporta, pelo que não beneficiam dos apoios se estes não forem coordenados a nível europeu.

«A outra crise do sector automóvel vem do futuro, uma vez que o mercado não é inesgotável em termos ambientais. Defendemos uma política europeia para a requalificação industrial de todo o sector, em que só deve ser apoiado quem visa modificar o produto para o tornar menos poluente», propôs.

Miguel Portas acusou as administrações de «usarem a crise para a suspensão ou o retrocesso dos direitos adquiridos» dos trabalhadores, ainda que tenha elogiado o impedimento dos despedimentos colectivos no sector até ao final de 2010.

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Quem não tem essa segurança são os trabalhadores da Rhode, em Santa Maria da Feira, onde o BE também esteve esta manhã, que esperam uma decisão da multinacional alemã até ao final deste mês, sendo que a continuidade da produção não está assegurada.

«A UE aplicou regras de excepção para o sector bancário, por isso não é admissível que não o faça para o calçado. Defendemos que pode haver comércio sem fronteiras desde que haja um acordo de salários, de condições ambientais, de produção. Se não houver esse acordo, é inevitável haver mais mecanismos de protecção», sublinhou.

O cabeça-de-lista, Marisa Matias e Rui Tavares estiveram a ouvir as queixas dos trabalhadores (na sua grande maioria mulheres), mas foi Francisco Louçã quem conseguiu quebrar o gelo, conseguindo que várias dezenas ficassem a ouvir atentamente o mini-comício improvisado que o BE fez mesmo à porta da fábrica.

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