Políticos e artistas russos divididos sobre futuro de Alexandra
TSF
(29 Maio)
A imprensa russa está a dar atenção ao caso Alexandra, com políticos e artistas a mostrarem-se divididos sobre o futuro da criança retirada à família de acolhimento portuguesa e entregue à mãe biológica.
O diário Komsomolskaia Pravda pediu a opinião de conhecidos políticos e artistas russos e obteve respostas diferentes à pergunta «Deve-se devolver as crianças aos pais desequilibrados?», tendo em conta o caso de Alexandra.
«Se se falar das condições de vida, então todos temos de nos mudar da Rússia para outro lugar», começou por responder Vladimir Soloviov, conhecido jornalista da rádio e televisão.
«Considero que a criança deve estar com a mãe, se ela não for alcoólica ou toxicodependente. O principal é o amor para com a filha, pois o aspecto material não é o principal nesta vida», acrescentou.
A consagrada artista Irina Smolina é peremptória: «Receio que, nesta situação, já não haja nada a fazer. Uma infância infeliz espera a criança na província».
«É preciso devolver a criança à família de acolhimento. Quatro anos de separação é muito tempo: a mãe jamais recuperará o tempo perdido», defendeu, por sua vez, Tatiana Ivanovskaia, mãe de dois filhos biológicos e 10 adoptivos.
«Para a menina, ela é uma tia estranha, que se tenta apresentar como mãe. Um trauma psicológico demasiadamente grande», disse.
«Os pequenos fragmentos da nova vida de Sandra mostrados pela televisão aterrorizam. A família bebe às claras. A casa está desarrumada. De um quarto de criança com papel de parede cor-de-rosa e Barbie, a Sandra foi transferida para cima de um forno: o colchão não tem lençol e a cortina está pendurada num fio metálico», escreve a jornalista Iúlia Kalinina.
«Mas o pior é que ela trouxe de Portugal a sua querida amiga: a cadela Lúcia. Pois é, esse maravilhoso animal, um labrador ruivo, que talvez antes dormia na cama da menina, foi preso a uma corrente...É o mesmo que prender um anjo a uma corrente», continua a jornalista.
«Sandra habituar-se-á de qualquer forma à nova família. Aprenderá a comer sopa, a dizer palavrões e a fazer as necessidades numa retrete de tábuas, tapando o nariz com os dedos. Depois começará a beber com a mãe para fazer companhia. Nada de horrível, pois, na Rússia, milhões de crianças vivem com os pais alcoólicos, levam murros e dormem em tarimbas. Mas crescem russos, nossos, e não uns portugueses quaisquer», sublinha.
Depois de constatar que é impossível salvar a menina porque a lei está do lado da mãe, a jornalista apela para a recolha de assinaturas para, pelo menos, salvar a cadela Lúcia.
«Mais fácil ainda será falar da Lúcia a Putin. Ele também tem um labrador. Ele sabe que esses cães não podem estar presos», ironiza a jornalista, concluindo de forma cáustica: «Claro que ele (Putin) não irá ajudar Sandra a regressar a Portugal porque é patriota, mas penso que conseguirá libertar Lúcia. Por isso, só nele depositamos todas as esperanças».
http://tsf.sapo.pt/PaginaInicial/Vida/Interior.aspx?content_id=1247656
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